domingo, 2 de dezembro de 2012

Oposição quer saber de Cardozo por que PF retardou investigação e não grampeou Rose - Josias de Souza


Convidado a prestar esclarecimentos na Câmara e no Senado, o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) ouvirá de congressistas da oposição dois questionamentos bem específicos. Num, o ministro da Justiça será instado a explicar por que a Polícia Federal esperou passar a eleição municipal para deflagrar a Operação Porto Seguro. Noutro, será inquirido sobre as razões que levaram a PF a poupar Rosemary Noronha, a Rose, da interceptação telefônica e do monitoramento da correspondência eletrônica.
“Aparentemente, eles atrasaram a operação em função da campanha eleitoral”, diz Alvaro dias (PR), líder do PSDB no Senado. “Isso precisa ser explicado. Se for verdade que a Rosemary não foi grampeada, isso também terá que ser explicado. Não há justificativa para o não grampeamento dela.”
Iniciada em fevereiro de 2011 a partir de uma denúncia do ex-auditor do TCU Cyonil Borges Júnior, a investigação da máfia dos pareceres só produziu prisões e indiciamentos há dez dias. Em 23 de novembro, quase um mês após o segundo turno das eleições, os agentes da PF foram ao meio-fio para cumprir os mandatos judiciais de detenção e de busca e apreensão de papéis e computadores.
Antes, a juíza federal Adriana Zanetti autorizara a quebra dos sigilos de telefones e de e-mails dos irmãos Paulo e Rubens Vieira, diretores afastados da Agência Nacional de Águas e da Agência Nacional de Aviação Civil. Escutando-os e lendo-os, a PF verificou que os dois relacionavam-se com Rose, a ex-chefe do escritório da Presidência da República em São Paulo. A praxe indicaria que também os telefones e a caixa de e-mails da parceira dos Vieira deveriam ter sido monitorados.
Num primeiro momento, noticiou-se que Rose fora grampeada. Porém, Cardozo informou a Dilma Rousseff que ela não chegou a passar pelo constrangimento. Daí o interesse da oposição pelo tema. Rumina-se a suspeita de que os telefones de Rose tenham sido preservados em função da proximidade dela com Lula.
Deseja-se esclarecer, de resto, outro ponto nebuloso da operação. Veiculou-se que, na batida que deu no escritório paulista da Presidência, a PF se absteve de recolher o computador de Rose. Ela teria rodado a baiana. E os agentes preferiram apenas copiar os arquivos de sua máquina.
Alvaro Dias acha estranho: “Em qualquer outro lugar, levariam o computador e a dona iria junto, seria detida por desacato. Foi noticiado que Rosemary telefonou para o José Dirceu no momento da ação policial. Em relação a ela, aparentemente, houve um tratamento atípico. O que não parece razoável.”
No Senado, o convite para ouvir Cardozo foi aprovado na Comissão de Justiça. A data do depoimento do ministro ainda não foi marcada. Na Câmara, o requerimento foi aprovado na Comissão de Fiscalização Finaneira e Controle. Ali, o ministro deve ser ouvido nesta terça-feira (4), numa audiência conjunta com a Comissão de Segurança Pública, que já havia convidado Cardozo para tratar de outro tema: o surto de violência em Estados como São Paulo e Santa Catarina.

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