segunda-feira, 17 de setembro de 2012

CRÔNICA Cartas de Londres: Topless, a tentação proibida



A Duquesa de Cambridge, Kate Middleton, com os seios à mostra foi o assunto mais comentado nos últimos dias, aqui na Inglaterra. E a semana promete, pois sabe-se que uma revista italiana deve publicar (ainda hoje) fotos inéditas do ensaio involuntário da princesa durante as férias na França.
Os ingleses “couldn’t care less”, mas parece que a história vai ter desdobramentos mais sérios. O porta-voz da família real já afirmou que o casal William e Kate processará a publicação francesa responsável pela divulgação das fotos. Com isso, a briga pode durar meses, anos até.
A relação entre a família real inglesa e a imprensa local nunca foi de camaradagem, mas desde a morte da Princesa Diana os editores dos principais veículos de comunicação resolveram dar uma trégua. O próprio príncipe William, enquanto estudante universitário, conseguiu levar uma vida praticamente normal, graças ao acordo feito entre o Palácio de Buckingham e a Imprensa.
Jornalistas e estudiosos da área reconhecem, no entanto, que a lei de imprensa nacional é ainda muito frágil, no que se refere às questões de privacidade. Na verdade, não há normas legais específicas que garantam os direitos de privacidade do cidadão inglês. O que se tem, na verdade, é um conceito de vida privada que vem da Convenção Europeia de Direitos Humanos.
Na França, por exemplo, a coisa não funciona assim. A lei francesa é rígida no que toca à intimidade alheia, e talvez aí esteja a explicação para o “relax” da Duquesa ao resolver fazer topless na varanda do chateau.

Chateau d'Aulet, na Provence, onde o casal passava férias

Para que se tenha ideia, a publicação explosiva deverá custar à revista francesa um processo criminal, por “reproduzir imagem de uma pessoa em propriedade privada sem o seu consentimento”, entre outras acusações. Caso os responsáveis sejam condenados, poderão ser presos e pagar uma multa de mais de 40 mil euros.
Mesmo frente a tamanho rigor da lei francesa, as revistas daquele país parecem dispostas a manter a tradição de revelar escândalos do país vizinho. Lembram-se das fotos do Príncipe Charles totalmente sem roupa na varanda de um castelo (originalmente publicadas na Alemanha, e depois reproduzidas na França?) E da problemática Duquesa de York, Sarah Ferguson, também flagrada fazendo topless?
Ainda não se sabe como a história vai terminar, mas os coleguinhas jornalistas ingleses já tremem, porque mesmo sem ter culpa no cartório, serão eles os primeiros a sofrer a retaliação mal-humorada do Palácio de Buckingham.
Mesmo assim, não será fácil resistir à tentação de estampar fotos de duquesas britânicas com as "tetas ao vento", como dizem os portugueses...

Mariana Caminha é formada em Letras pela UnB e em jornalismo pelo UniCEUB. Fez mestrado em Televisão na Nottingham Trent University, Inglaterra. Casada, mora em Londres, de onde passa a escrever para o Blog do Noblat sempre às segundas-feiras. Publicou, em 2007, o livro Mari na Inglaterra - Como estudar na ilha...e se divertir

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