sexta-feira, 31 de agosto de 2012

‘Argent de poche’, de Maria Helena RR de Sousa


POLÍTICA


Os petistas se ofendem muito com o nome que foi dado à generosa contribuição que o PT fazia aos congressistas em troca de apoio e adesão: mensalão.
Chegaram até a ensaiar a proibição de seu uso, o que, é evidente, não vingaria.
Mas eles têm razão: é uma palavra feia. Tem um som rude, antipático. Na ocasião, quando ainda era pagão, ninguém se ofendia com sua oferta e o aceitavam animadamente. Na verdade, não lhes ocorria que um dia - nem tão distante – seriam chamados de mensaleiros os dedicados recebedores da ‘ajudinha’.
Não foi o PT o primeiro a se valer da bolsa da Viúva – não foi mesmo. Mas com a gana e a fome inauguradas em 2003, lá isso foi.
(Sugiro a Lula nos palanques dizer que não compreenderam nada: não era para corromper ninguém, não. Era o que os franceses chamam de ‘argent de poche’! Só uma ajudinha da mãe Viúva para completar o mês...).
Acontece, como diz o ditado, que tantas vezes o cântaro foi à fonte que um dia se partiu. E os cacos foram parar no STF que ficou com a missão de restaurar nossa confiança na cidadania e nas instituições do país.
Na sexta-feira 27/7, embora preocupada com notícias que corriam sobre reviravoltas no número de réus, afirmei minha fé no STF: Creio que o STF honrará seu papel. Saberá respeitar nossos valores e cumprir o que diz o Livrinho. O contrário seria a morte de nossa democracia. (Julgar o STF? Claro que não. Mas avaliá-lo? Claro que sim).
No dia 10 de agosto meu artigo das sextas terminava assim: Valentes juízes do STF. O Brasil vai lhes ficar devendo, seja qual for o final do julgamento. (Nervos de Aço).
Houve quem achasse que era ingenuidade da minha parte... Que confiar assim cegamente nos ministros do STF era rematada tolice. Valeu, papudos?
E sabem por que estou citando a mim mesma? Porque estou felicíssima com a atuação da maioria dos ministros do STF.
As exceções: penso que o ministro Lewandowski, após ouvir o voto exemplar do ministro Peluso, ainda há de reconsiderar por qual motivo, pelo mesmíssimo crime, condenou um réu e absolveu outro.
Do mais jovem não espero nada. É preciso grandeza para rever seu voto e não me parece que Dias Toffoli tenha sido aquinhoado pelos deuses com esse atributo.
Já o voto do ministro Cezar Peluso foi uma aula de nobreza de sentimentos. Perder a contribuição de um Homem desse quilate porque ele completou 70 anos é um desperdício e segundo o que nos ensinou o ministro Celso de Mello, um retrocesso, já que a Constituição do Império não mencionava idade limite.
Magnânimo, equilibrado, porém forte e seguro do que disse, o ministro Peluso fará muita falta nesse final do julgamento do mensalão. É torcer para que suas palavras ecoem no coração da Suprema Corte.
O julgamento não acabou. Mas já estamos saindo do túnel e a luminosidade da manhã que se avizinha é benfazeja. Deo gratias!

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