sexta-feira, 3 de maio de 2013

CASUÍSMO E HORROR: ATÉ QUANDO?



Laurence Bittencourt, jornalista
Acompanhando esse crime horrendo, bárbaro da morte da dentista Cynthia Magaly  em São Bernardo do Campo e do (é inevitável associar uma coisa a outra) casuísmo patrocinado pelo governo federal para ter mais de 60% no chamado horário eleitoral gratuito no rádio e TV nas próximas eleições, me lembrei da música de Jorge Benjor: “moro num país tropical, abençoado por Deus”. Será mesmo?
Cynthia Magaly
Cynthia Magaly
E o pior dessa tragédia e crime bárbaro é que foi praticado por um “menor”. Uma mulher jovem, cujo trabalho como dentista era ser o sustentáculo da familia, sendo morta barbaramente. Vendo o pai da dentista em entrevista ficamos com aquela sensação horrenda de impunidade no ar, em um país em que todo o tipo de atrocidade é cometido contra o cidadão, e esse cidadão não tem a quem recorrer, não tem a quem apelar? Somos o país da atrocidade, da insegurança e da impunidade.
Claro, um país em que o partido que se arvorava como o guardião da ética, que enfrentava e combatia de cabeça erguida todo o tipo de espécie de casuísmo politico, esse mesmo partido agora no poder, tenta impor (na minha avaliação) o maior casuísmo da história recente e moderna, deixando patente que a nossa tradição e herança cultural não muda, herança absolutamente autoritária e antidemocrática, cujo único propósito é se beneficiar no poder. É vergonhoso. Esse partido quer impor esse casuísmo e ninguém no partido se envergonha ou protesta. Ao contrário.
Óbvio também que a medida casuística patrocinada pelo governo Dilma, com a intenção de alijar seus possíveis adversários nas eleições do próximo ano, demonstra claramente o medo e a insegurança desse mesmo partido.
Mostra medo e insegurança e desejo de controle e ânsia de poder pelo poder. Tão brasil. Não há solução para esse país. É da nossa herança, da nossa genética, entranhada, em que o poder é algo particular, e quem democracia não tem nenhuma importância, a importância é manter-se e perpetuar-se no poder. Não importam os meios. Tão Brasil.
É a nossa herança antidemocrática. Não há regras. O que há é a burla das regras ao bel prazer de quem está no poder. As repetições negativas, casuísticas são as constantes nesse país. Repetições do arbítrio, do mando autoritário, do uso do poder a favor de quem está nele.
Essa burla da lei por quem deveria dar o exemplo é o foco da contaminação geral em outros extratos da sociedade. Não há o exemplo. Há o mesmo. E imaginar que esse partido foi para as ruas protestar contra a ditadura, contra os casuísmos, pedindo democracia, clamando por ética. É o fim.
Quem pode acreditar mais? Quem? Seria o caso de dizer que está tudo contaminado? Dai o choro e o lamento do pai de Cynthia, a dentista, demonstrando que não há a quem apelar. A pergunta que se pode fazer é: até quando? Até quando?

Nenhum comentário:

Postar um comentário