quarta-feira, 7 de novembro de 2012

MENSALÃO: Dirceu não se emenda: mesmo condenado pelo Supremo, continua falando em “farsa” do mensalão — e em “regular” a imprensa



Bruno Lupion – O Estado de S.Paulo
O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu apoiou ontem declaração do presidente nacional do PT, Rui Falcão, feita na semana passada, de que o partido seguirá mobilizado para demonstrar que nunca houve a compra de votos denunciada no mensalão.
Em artigo publicado no seu blog, Dirceu afirmou que a “desconstrução” da “farsa do mensalão” será uma das três prioridades do PT para 2013. As outras duas serão a reforma política e a regulamentação da mídia.
“O partido faz muito bem em eleger esta regulação (da mídia) como uma das principais metas a serem conquistadas em 2013, ao lado da reforma política tão imprescindível ao País e da luta para desconstituir a farsa do mensalão”, escreveu o ex-ministro, condenado pelo Supremo Tribunal Federal pelos crimes de corrupção ativa e formação de quadrilha.
Falcão havia dito, em entrevista à mídia estrangeira no dia 31, que o PT continuará negando a existência do esquema de desvio de recursos públicos para compra de apoio político, como denunciado pelo procurador-geral da República e aceito pelo STF. “Continuamos negando e vamos mostrar que nunca houve compra de votos”, disse o dirigente petista.
O artigo de Dirceu expõe a disputa dentro do PT quanto ao teor da nota oficial a ser divulgada pelo partido a respeito do julgamento. Em posição oposta à do ex-chefe da Casa Civil está o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, para quem o partido não deve questionar o resultado do julgamento, na sua opinião “devido e legal” e com resultado “legítimo”.
Em artigo publicado na semana passada, o governador gaúcho disse que o PT desistiu de mobilizar os militantes na defesa de um “julgamento justo” no STF pois sabia que as bases “desconfiavam que algumas contas deveriam ser ajustadas”.
A nota oficial do PT sobre o mensalão, inicialmente aguardada para a última quinta-feira, foi adiada. Oficialmente, Falcão disse que o partido preferia aguardar a definição das penas dos condenados, entre eles Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoino e o ex-tesoureiro Delúbio Soares – o que deve ocorrer até o dia 18. “Não sabemos ainda se os companheiros vão ter penas privativas de liberdade”, justificou.
Nos bastidores, porém, líderes petistas querem que o partido discuta melhor o teor da nota e a conveniência de divulgá-la. Membros da Executiva afirmaram ao Estado que o ânimo de divulgar o documento arrefeceu com as vitórias nas eleições municipais. O adiamento também atendeu a pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
(Colaborou Fernando Gallo)

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