quarta-feira, 7 de novembro de 2012

João Paulo retorna à Câmara pela primeira vez depois do julgamento do mensalão


Já o ex-deputado João Magno, absolvido pelo STF, diz que pagou preço ‘altíssimo’


BRASÍLIA - Condenado por corrupção passiva e peculato no julgamento do mensalão, o deputado João Paulo Cunha (PT-SP) retornou nesta terça à Câmara pela primeira vez desde a decisão dos ministros. Mais magro e sem barba, o petista foi ao plenário, marcou presença, votou no royalties e evitou falar com jornalistas. Foi recebido com abraços por colegas na Câmara, que o confortavam com palavras de apoio.
João Paulo respondeu:- Fique firme - disse um dos parlamentares.
- O julgamento ainda não acabou - disse o petista, referindo-se à fase de dosimetria, que estipula o tamanho da pena. Os ministros, apesar da condenação, ainda não estabeleceram quantos anos o ex-presidente da Câmara cumprirá de prisão e qual o regime, se aberto, fechado ou semiaberto
João Paulo foi condenado por ter enviado a esposa para sacar R$ 50 mil da agência de Marcos Valério e por ter contratado o empresário para prestar supostos serviços na Câmara. Os ministros entenderam que a licitação que escolheu a SMP&B foi viciada e que os serviços não foram prestados.
Ex-deputado diz que pagou preço altíssimo
O ex-deputado João Magno (PT-MG) circulou na tarde desta terça-feira pelo plenário da Câmara. Absolvido no julgamento do mensalão, Magno diz que agora se sente aliviado, mas diz que o preço que pagou nestes sete anos, entre a denúncia e o julgamento no STF, foi "altíssimo".
- Mesmo absolvido, o preço que paguei foi altíssimo. Privações na vida pessoal, prejuízo na carreira política e também para levar a vida e pagar as contas do dia a dia - disse Magno, que disse esperar, agora, recompor sua vida financeira.
Acusado da prática de lavagem de dinheiro por ter recebido R$ 360 mil do esquema de Marcos Valério, Magno era deputado federal em 2005 quando estourou o escândalo, havia sido eleito em 2002 com cerca de 100 mil votos. Sob o impacto das denúncias do mensalão, tentou se reeleger em 2006 e, por conta da denúncia, perdeu 70 mil votos e obteve apenas 30 mil. Não se reelegeu. No STF, houve empate em 5 a 5 no seu julgamento. O presidente da Côrte, Ayres Britto, entendeu que o empate beneficiava os réus.
- Não foi fácil. No calor das denúncias vi os votos minguarem, mas, apesar da votação, não perdi o respeito do povo da minha região (Vale do Aço). Sempre andei de cabeça erguida e as pessoas respeitavam. Mesmo não me elegendo, a população entendia que era inocente e que o caso (do mensalão) foi algo no plano nacional – disse.
Magno, na época, não foi cassado pela Câmara. Mas sua absolvição ficou marcada pelo episódio envolvendo a então deputada Ângela Guadagnin (PT-SP), que comemorou a absolvição do colega, no plenário, numa euforia e chegou a dançar. O episódio ficou conhecido como a "dança da pizza". Ângela também sua carreira prejudicada e não se reelegeu deputada. Hoje, é vereadora em São José dos Campos (SP).
- A Ângela celebrou minha absolvição a maneira dela e foi mal interpretada. Também foi prejudicada por isso, tanto quanto eu - afirmou Magno.
Ex-prefeito de Ipatinga (MG), Magno afirmou que não tem plano para o futuro e não sabe que tentará nova vaga para a Câmara em 2014.
- É difícil. Para se candidatar você precisa de estrutura. E perdi tudo isso.
O ex-deputado atua como assessor de prefeituras de sua região e afirmou que, nas eleições municipais deste ano, por conta do julgamento do STF, preferiu ficar longe das campanhas.
- É o melhor que tinha a fazer.
Ele afirmou que pretende contribuir para a administração de Cecilia Ferramenta, eleita prefeita de Ipatinga, e quer ajudar o partido a crescer no estado.
Em pé no fundo do plenário, Magno, nesta terça, assistia de longe a sessão. Alguns amigos paravam e conversavam com ele. Um deles, o deputado Eduardo Azeredo (PSDB-MG), réu no processo conhecido como mensalão mineiro ou mensalão do PSDB. Os dois conversavam sobre esses processos.

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