quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Cartas de Paris: O preço da Torre Eiffel


CRÔNICA


Você já pensou em comprar a Torre Eiffel? Pois ela já tem preço. Custa 434 bilhões de euros. Pelo menos esta foi a estimativa feita pela Câmara de Comércio de Monza e Brianza, na Itália, que determinou o preço dos mais importantes monumentos do mundo e colocou a “dama de ferro” no topo da lista como o mais caro. Para se ter uma ideia de como a torre Eiffel é cara, o Coliseu, segundo no ranking, custa a bagatela de 91 bilhões de euros.
O preço foi calculado segundo a representatividade do monumento em termos de lucros culturais e financeiros. O valor representa um quinto do PIB francês e seu preço poderia pagar os interesses da dívida do país durante 10 anos.
Por incrível que pareça, a torre já foi “vendida” uma vez por um malandro chamado Victor Lustig, em 1890. Ele ficou conhecido internacionalmente como o homem que vendeu a Torre Eiffel. Sua vítima foi o empresário parisiense André Poisson, que comprou o monumento pela módica soma de 100.000 francos, aproximadamente 40.000 reais.
Como eu faço parte do grupo dos “amantes da Torre Eiffel”, para mim, ela não tem preço. Por que eu gosto tanto dela? Primeiro por sua originalidade. O mundo está cheio de museus, igrejas e palácios, mas ela é um símbolo pagão, fruto do sonho de um homem apaixonado pelo modernismo da sociedade industrial nascente.
Segundo, porque ela representa muito bem a França. Ela é alta, magra e elegante como uma verdadeira parisiense.
Terceiro, por sua onipresença cativante. Ela continua sendo o ponto mais alto de Paris, junto com a Torre de Montparnasse, e pode ser vista de vários pontos da cidade. Mas às vezes, temos a impressão que é ela que nos observa e brinca de se esconder entre os prédios.
A última razão é a principal: a capacidade que ela tem de melhorar meu humor. Às vezes, quando atravesso a ponte Mirabeau, voltando do trabalho depois de um plantão, sou surpreendida por suas luzes brilhando. Tenho que confessar que neste momento todas as penas da adaptação em um país estrangeiro e as dores causadas pela saudade são esquecidas. Sorrio e fico ali parada, como hipnotizada, igual a um turista que acabou de chegar na cidade. E, lá no fundo, escuto uma voz que diz: “C’est vrai, chérie, vous êtes à Paris!” Isso me deixa imensamente feliz.
Ah! Esqueci de dizer, a Torre Eiffel já tem preço, mas claro, não está à venda!

Ana Carolina Peliz é jornalista, mora em Paris há cinco anos onde faz um doutorado em Ciências da Informação e da Comunicação na Universidade Sorbonne Paris IV. Ela estará aqui conosco todas as quintas-feiras.

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