segunda-feira, 8 de julho de 2013

A reforma política e a reforma dos homens


Carlos Chagas
Deveria a presidente Dilma atentar para o fato de que a reforma política não garante a reforma dos homens. Mesmo que sejam companheiros. Fica claro que o Congresso não quer a reforma política de verdade, aquela que ajudaria a mudar o país e as instituições. Deputados e senadores  poderão aceitar algumas propostas menores, em nome da conciliação. Ou da enganação. Mas mudanças profundas, de jeito nenhum, pois estariam arriscando a  própria  sobrevivência.
Nada de financiamento público das campanhas, a menos que estejam liberados também os financiamentos privados. Muito menos o fim das coligações Nas eleições para deputado. Tiriricas sempre existirão para eleger colegas sem os votos suficientes. Assim, também não passa a sugestão de cada estado constituir-se num distritão e chegarem à Câmara apenas os que tiverem mais votos.
Da mesma forma a votação  em listas partidárias morrerá na praia, porque  se favorece os caciques, que vão elaborar as listas, prejudica os grotões, capazes de ficar no fim da fila. E os grotões são maioria.   Cláusula de barreira, nem pensar, já que os partidos de aluguel não servem apenas a seus dirigentes, mas aos grandes partidos, na hora de calcular o tempo de propaganda gratuita na televisão.  Acabar com o voto  secreto poderá configurar uma  concessão, mas não faltarão vozes  sugerindo exceções, para Suas Excelências não ficarem mal com o presidente da República contrariado ou com o colega cassado.   Extinguir a figura do suplente de senador? E quem vai financiar a próxima campanha? Na reeleição, só se mexerá quando a vaca começar a tossir. Como ficarão prefeitos e governadores, para não se falar dos presidentes da República?
A presidente Dilma vem sendo acusada de ingênua por insistir na votação imediata da reforma política, mesmo abandonada por sua base parlamentar e pelo seu vice-presidente, mas pode não ser bem assim. O que ela desejaria não é a reforma,  porém a anti-reforma, ou seja, a demonstração de ter feito tudo o que podia, mas o Congresso não quis.
De qualquer forma, as máscaras vão caindo, dando razão ao saudoso dr. Ulysses, para quem “pior do que o atual Congresso, só o próximo”. Não se conseguiu, na História da Humanidade, a reforma dos homens.
DISPLICÊNCIAS
Faz muito que os governos vem estimulando a produção de veículos e sua aquisição por número cada vez maior de cidadãos, mesmo sem a correspondência de melhor infraestrutura rodoviária e urbana. Inúmeros profetas preconizam para breve aquele nó dos diabos nas cidades e nas estradas, imagens, aliás, a que já nos acostumamos. Há uma displicência generalizada que atinge não apenas o governo, mas a indústria, a mídia, o sistema financeiro e o próprio cidadão, com uma diferença: ele é o único a perder dinheiro, trocando a poupança por carrões. Os demais faturam.
OS POBRES E OS RICOS
Carlos Lacerda, já rompido com o presidente Castello Branco, crítico  veemente da política econômica de Roberto Campos, disse uma vez que o governo estava matando os pobres de fome e os ricos de raiva.  Agora, o Bolsa-Família atende parte dos pobres, mas a carga tributária continua fazendo suas vítimas.

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