quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Tríplex com espírito do Brasil de 1960



Design, arte e animais se unem em lar paulistano

02/01/2013 | POR SERGIO ZOBARAN, FOTOS RICARDO LABOUGLE

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  (Foto: Ricardo Labougle)
O colecionador de arte e objetos decorativos quis contar uma história. Ele elegeu um apartamento dúplex – na cobertura de um prédio da década de 1950, em Higienópolis, em São Paulo –, acrescido de mais uma unidade, o que resultou em 700 m², para abrigar suas coleções de fotos brasileiras e outras artes, como bons papéis, telas e esculturas, além de castiçais, vidros franceses, muranos e animalia, como panteras e leões, reunidas nos últimos dez anos. “Procuramos valorizar esta história, preservando e recuperando o máximo possível as características originais de época do imóvel”, diz o decorador pernambucano José Roberto Moreira do Valle, autor do projeto. Ainda que cauteloso, o trabalho de transformação foi radical: o apartamento foi abaixo, e do original ficaram apenas as quatro paredes que o cercam e a belíssima escada em confortável espiral entre os dois primeiros pavimentos, repetida em sua forma majestática entre o segundo e o último. “Abri tudo o que pude e tentei integrar todos os terraços externos e jardins”, conta o decorador.

  (Foto: Ricardo Labougle)
Na reforma que atualizou o imóvel, trazendo-o para o século 21, elementos básicos permaneceram propositalmente com seu charme – caso dos lambris de madeira, que recobrem e escondem os inúmeros armários remanescentes, replicados com a marcenaria nova, de imbuia com veios. Algumas partes foram trocadas, como todas as janelas e esquadrias, e outras ainda revividas, a exemplo dos pisos de granilite, na maior parte da casa, e de granito preto. O apartamento renovado, “mas com foco na casa brasileira dos anos 1950 e 1960”, ficou assim: no primeiro piso, há o salão sem o hall do elevador, que agora se abre para o grande living, integrado com a sala de jantar e a cozinha gourmet, mais uma cozinha de serviço e a lavanderia, o lavabo e duas suítes. No segundo pavimento, estão um salão com terraço, a adega,uma cozinha para o café da manhã e uma suíte. E, no último, um grande terraço em parte coberto, um banheiro e... Mais uma cozinha – ou “espaço grill”, como observa José Roberto.
As paredes são em preto ou branco ou de madeira. Elas acolhem basicamente antiguidades, peças de design assinado, arte brasileira moderna, como a dos concretistas Barsotti, Charoux e Sergio Camargo, e contemporânea, de Ascânio, Adriana Varejão e Macaparana (no teto,uma escultura). Há também fotos dos brasileiros Mario Cravo Neto, Claudio Edinger e Caio Reisewitz, ou feitas aqui por estrangeiros, como Pierre Verger. O mobiliário une desde os sofás-estrelas do design italiano, de couro, até peças que são ícones nacionais, como biombos, pufe e poltrona dos Irmãos Campana. E se misturam a uma rigorosa seleção vintage: poltronas e mesa de Scapinelli, sofá de Dinucci, lustres gêmeos da Venini sobre a mesa de jantar e muito mais.
  (Foto: Ricardo Labougle)
Para explicar o visual rico, com tantos elementos reunidos e iluminados indiretamente por spots e luzes em sancas, José Roberto afirma: “Por conta das coleções, é uma decoração cheia. Mas, nela, procuro não ditar regras e nem definir um estilo. E, sim, fazer um todo harmônico e gostoso, com design e peças antigas, em que tudo conversa entre si”. Só resta uma pergunta: e por que tantas cozinhas? “O dono da casa adora fazer festas, receber e cozinhar. E, atualmente, dedica-se aos assados e à comida brasileira, valorizando seus ingredientes.”
* Matéria publicada em Casa Vogue #327 (assinantes têm acesso à edição digital da revista)
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  (Foto: Ricardo Labougle)

  (Foto: Ricardo Labougle)

  (Foto: Ricardo Labougle)

  (Foto: Ricardo Labougle)

  (Foto: Ricardo Labougle)

  (Foto: Ricardo Labougle)

  (Foto: Ricardo Labougle)

  (Foto: Ricardo Labougle)

  (Foto: Ricardo Labougle)


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