quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Depois de desmascarar Ricardo Teixeira, jornalista britânico quer derrubar Blatter



Paulo Nogueira (Diário do Centro do Mundo)
Recentemente, num artigo sobre transparência no esporte, o jornalista britânico Andrew Jennings citou uma grande frase do barão da mídia Lorde Northcliff: “Notícia é tudo aquilo que alguém não quer que seja publicado. O resto é publicidade.”
Cabelos brancos, lépido ainda aos 68 anos, escocês desde cedo instalado em Londres, Andrew Jennings é o maior jornalista investigativo do mundo na área do futebol.
 Jennings com Blatter, a próxima vítima
São fruto do trabalho persistente, obstinado, brilhante de Jennings as denúncias que você leu sobre as milionárias propinas recebidas por Ricardo Teixeira e João Havelange ao longo de muitos anos pelas mãos de uma falecida empresa de marketing esportivo chamada ISL.
O ponto alto da investigação de Jennings foi um documentário de 30 minutos passado, no final de 2010, num programa de jornalismo da BBC chamado Panorama. É uma lição de jornalismo, além de uma peça formidável na luta contra a corrupção no futebol.
Jennings simplesmente irrompe com suas perguntas francas, desconcertantes, certeiras. Seu jeito clássico de agir é ficar à espreita de algum personagem do mundo sujo da Fifa e aparecer subitamente diante dele com suas questões diretas, feitas num tom suave, elegante e direto.
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UM LIXO…
Uma vez, Jennings esperou num aeroporto a chegada de Jack Warner, então vice-presidente da Fifa, envolvido em múltiplos casos de corrupção. Warner está andando em direção ao carro quando Jennings o aborda. Um cinegrafista está filmando.
“Se eu pudesse cuspir em você, eu cuspiria”, diz Warner.
“Por quê?”
“Porque você é um lixo.”
Antes que Warner entrasse no carrão que o aguardava, Jennings faz mais uma pergunta sobre propinas.
“Pergunte à sua mãe”, diz Warner.
“Bem, eu até que gostaria, mas minha mãe está morta”, responde, com bom humor e sempre no mesmo tom de voz, Jennings.
Jack Warner acabaria, pouco depois, afastado da Fifa, sob o peso das denúncias de Jennings. “Renunciou voluntariamente”, segundo a Fifa.
O alvo principal de Jennings não é nem Havelange e nem Ricardo Teixeira, assim como não era Warner. É Sepp Blatter, o suíço que substituiu Havelange no comando da Fifa.
Neste caso, há ainda um caminho a percorrer. Blatter tenta se apresentar como um “reformador de costumes” na Fifa, um agente anticorrupção. Mas quem acredita nisso, para usar as palavras imortais de Wellington, acredita em tudo.

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