terça-feira, 25 de setembro de 2012

OBRA-PRIMA DO DIA - ARQUITETURA A Sereníssima Republica de Veneza e seu Palácio (Parte II)


O sistema de eleição dos doges era tão singular quanto esta cidade singularíssima. Durou mil anos. A Sereníssima era o que seu nome diz, uma República, e se defendia bravamente de qualquer tentativa de hereditariedade. O poder das famílias que a criaram não podia ser contestado, mas ninguém herdava o poder. Os funcionários públicos, eleitos e em grande número, formavam comitês e conselhos presididos pela única figura que eleita, gozava de vitaliciedade.
O doge participava de muitos comitês e tinha um papel preponderante nas decisões governamentais. Mas os venezianos sabiam que isso podia levar à tentação da corrupção então criaram um sistema muito complexo de controle dos doges. Exemplos: toda sua correspondência era lida primeiro por um censor. Todos os dignitários estrangeiros eram recebidos por um comitê e nunca pelo doge sozinho.

Numa das passagens entre uma sala e outra, quando já estamos no primeiro andar, vemos esta caixa de correspondência muito útil... As palavras inscritas na pedra são: Denúncias secretas contra qualquer pessoa que dissimule favores ou serviços e que procure esconder seus verdadeiros rendimentos 
Que tal como ideia? 
Qualquer transgressão era levada a sério. O salão mais impressionante do palácio é o Salão do Grande Conselho. Lá vemos uma frisa com retratos dos primeiros 76 doges, menos um, o doge Mario Faliero, que tramava um golpe. Foi condenado, decapitado, mutilado e condenado à Damnatio Memoriae: todos os traços de uma pessoa eram apagados da história ou dos registros. O lugar de Faliero na frisa está vazio e coberto por um pano preto...
Se há um monumento que pede uma visita guiada é o Palácio Ducal. Não é uma visita fácil, o itinerário é labiríntico e para não perder nada, o turista precisa de ajuda. Aliás, ajuda hoje em dia obrigatória... Atualmente o ingresso é pela Porta del Frumento (assim chamada por ficar ao lado do Depósito de Grãos), na ala que dá para a laguna e que dá acesso ao grande atrium, ou pátio aberto. A Porta della Carta, da qual falamos ontem, é hoje a porta de saída.




O pátio é fechado dos quatro lados pelas três alas do palácio (a da laguna ao sul, a da piazzetta a oeste, a dos apartamentos dos doges a leste) e por uma parte dos muros da Basílica (ao norte). No térreo ficam os escritórios de vários serviços públicos relacionados aos museus de Veneza e uma curiosidade: a cafeteria está onde ficava a cozinha dos doges...


Desse magnífico pátio sai a Escadaria dos Gigantes, construída entre 1483 e 1491. Seu nome se deve às estátuas de Marte e Netuno, obras em mármore do grande arquiteto e escultor veneziano, Sansovino, que foram colocadas ali para lembrar que Veneza dominava a terra firme e o mar.
Sua continuação natural é a Escada de Ouro (Scala d'Oro). Mas não pensem que é sair de uma e entrar na outra. Não, nada disso. São muitas as idas e vindas...
Amanhã subiremos essas escadas...

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