quarta-feira, 5 de setembro de 2012

CRÔNICA Cartas de Berlim: Rei dos bordeis foge para o Brasil



O alemão Detlef Uhlmann tem 69 anos e é mais um daqueles empresários que enriqueceu nos anos 80 por meio de um bordel, mais especificamente, “o bordel mais nobre da Alemanha”, como dizia o slogan espontâneo cunhado pela revista Playboy em uma resenha da época.
O famoso bordel “Bel Ami” ficava na Berlim Ocidental. A fama de “lugar mais requintado da Europa” Detlef Uhlmann conquistou graças à super estrutura dedicada à luxúria: 1600 metros quadrados e 13 quartos, piscinas e espumantes de 1000 Euros em uma casa antiga desocupada nos anos 20. Milionários e proeminentes batiam ponto no Bel Ami e colaboravam para que rapidamente o bordel se tornasse cult no meio.
Como nem tudo é para sempre, o Bel Ami fechou em 2009. Uhlmann foi preso porque sonegou 4 milhões de Euros em impostos durante 30 anos de vacas gordas e teve que abrir mão do negócio. O sujeito iria entrar em liberdade no começo de 2013. Estava tudo indo bem, ele até escreveu suas memórias na prisão.
O volume “Bel Ami – minha vida como chefe do bordel mais nobre da Alemanha” foi publicado em agosto desse ano e conta detalhes sobre o cotidiano do Bel Ami em seus anos áureos.

Mas eis que em um belo dia desses, em liberdade condicional que lhe permitia passar o dia fora da cela de 9 m2 para duas pessoas, ele aproveitou as 8 horas livres e foi... para o Brasil.
Ao que parece, pegou dinheiro emprestado com um camarada, foi de carro para a Suíça (onde mais?) e... “lugar mais limpo”, como dizia meu pai (quer dizer que ele se escafedeu, se você não entende essa expressão).
O rei dos bordeis está foragido. Deixou a mulher e os filhos a ver navios. “Foi um ato impensado. Eu não queria mais enfrentar outro julgamento”, disse a um jornal alemão que conseguiu falar com Uhlmann no Brasil pelo telefone.
Aparentemente, dormir na cela era para ele como a “pena de morte” em si. Que tal pegar uma prainha no país onde ele, a propósito, já morou por muitos anos?, deve ter pensado.
Depois de umas longas férias do blog, não pensei que voltasse para escrever sobre um tema tão pitoresco. Mas ao “folhear” meus feeds hoje, deparei-me com esta história e achei impagável. Parece enredo de reality show daqueles bem “trash”. Alguém por aí sabe do paradeiro do Herr Uhlmann?

Tamine Maklouf é jornalista e ilustradora nas horas vagas. Mora na Alemanha desde agosto de 2009, onde se encontra na “ponte terrestre” Dresden-Berlim. De lá, mantém o blog www.diekarambolage.wordpress.com

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