sexta-feira, 17 de agosto de 2012

OBRA-PRIMA DO DIA - PINTURA Joshua Reynolds - Autorretrato (c.1780)



Após a morte do pintor foi publicada a série de “Discursos” que ele, como presidente da Royal Academy, pronunciou entre os anos de 1769 e 1790, nas solenidades de encerramento das atividades do ano.
Suas palavras expressavam idéias que vinham sendo desenvolvidas desde o Renascimento, mas que juntas se tornaram a expressão clássica da doutrina acadêmica do Grand Style. Racionais na base, se opunham ao Romantismo com sua ênfase nos sentimentos e nas emoções.
Reynolds tratava o gosto pelas propostas neoclássicas como a capacidade de diferenciar a verdade da falácia, e pensava que a Arte deve se dirigir à mente do espectador. O artista deve procurar inspiração em temas nobres e de altos ideais. Considerava que após Michelangelo a Arte começara lentamente a se degradar. Apesar de não desprezar o estilo individual de cada pintor, ele pensava que o padrão deveria ser o dos grandes mestres, especialmente os da Renascença.
“Os Discursos” de Reynolds tornaram- se a base para o ensino das Artes.
Na prática, a arte de Joshua Reynolds estava distante de sua teoria. Seu trabalho é característico de uma rara qualidade artística ao combinar a dignidade e a grandeza do Grand Style com sentimentos, observações psicológicas e liberdade dos temas. Não há muitos artistas na História capazes de conseguir a excepcional combinação de emoções e técnica que ele conseguiu.
Três anos antes de sua morte, Reynolds ficou cego e parou de trabalhar. Faleceu em 1792 e foi enterrado na Catedral de São Paulo, com as honras devidas a um homem de grande valor. Foi ele quem alçou o ofício de pintor ao patamar onde os ingleses colocam os filósofos e os cientistas.
A imagem que encerra a semana é o último autorretrato de Reynolds. Ele endossa a toga de Doutor em Direito Civil, grau que lhe foi conferido pela Universidade de Oxford, em 1773. Rende um tributo a seu herói, Michelangelo, incluindo no cenário um busto do grande artista. A homenagem que presta a Rembrandt é mais sutil: o uso da luz e da sombra.
Óleo sobre madeira, 127 x 101,6 cm

Acervo Royal Academy of Arts, Londres

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