sábado, 23 de junho de 2012

MILENAR CULTURA CHINESA E VACILAÇÃO DE ERUNDINA



 MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

Vem do sábio Kung-Fu-Tse, o popular Confúcio, o ensinamento de que ‘a imagem vale por mil palavras’. Se a milenar cultura chinesa e a filosofia de Confúcio tivessem conhecido a fotografia, tal como conhecemos hoje, registrariam que algumas fotos sequer precisam de legenda…
Confirma-se isto no fato que está em todas as cabeças e tomou conta da Rede Social: a representação plástica de Lula-Haddad-Maluf sorridentes nos jardins da mansão do ex-prefeito paulistano, cena que o deputado Esperidião Amin classificou como o ‘cerimonial de um casamento ao ar livre’,
A imagem vale por um milhão de palavras, quase uma Enciclopédia Britânica, e deixou perplexos os brasileiros, sem exceção. Envolvida nesse embroglio, a deputada Luisa Erundina, disse que “sentiu repulsa” e retirou-se da chapa de Haddad onde representava o seu partido, o PSB.
Isto aguçou a minha curiosidade. Gostaria de entrar no cérebro da ilustre paraibana, e levar choque dos seus neurônios para saber o real motivo da repulsa, já que ela se mantém apoiando a aliança de Lula com Maluf.
Erundina sofrera anteriormente discriminação e preconceito de Lula, ao aceitar o convite de Itamar Franco para integrar o Ministério de União Nacional, no calor da redemocratização do País. De lá para cá, passou muita água debaixo da ponte e ela já deveria ter se conscientizado de que o Pelegão não tem apreço pela verdade e a ética, por faltar-lhe retidão de caráter.
É por isso que sinto vacilação de Erundina neste caso, e ela, sendo religiosa, deveria ter aprendido no catecismo que não se pode acender uma vela a Deus e outra ao Diabo.
Vejo um injustificável oportunismo dela, o mesmo engenho de Lula, acariciando o antigo e ferrenho adversário na presença deslumbrada do candidato que impôs ao seu partido e quer obsessivamente impor a São Paulo.
O Brasil letrado e pensante enxerga claramente que não há traços ideológicos entre muitos quadros do PT e Maluf, mas vê que Lula tem cultivado afinidades com aqueles que no começo da vida política combatia com bravatas…
Nessa situação, vê-se também que o lulo-petismo usa a presidente Dilma nas barganhas em que trocam cargos públicos por alianças que darão alguns minutos (e até segundos) de televisão e rádio aos candidatos de Lula.
É a nova modalidade de ‘mensalão’. O jogo é descarado, porque os estrategistas lulo-petistas partem do princípio de que o povão não se interessa pela velhacaria da política burguesa. Quem tem bolsa, embolsa a bolsa; quem se fanatizou pelas falsas idéias ‘esquerdistas’ de Lula submete-se à cega servidão.
A realidade é que Maluf é o mesmo de sempre; aquele que Lula chamava de ‘filhote da ditadura’ e denunciava como ladrão. Estes rótulos dominaram corações e mentes de paulistas e brasileiros em geral, divulgados indistintamente por petistas, tucanos e outras facções menos votadas… Hoje, a ‘política de resultados’ vê Maluf apenas como um ‘prócer do PP’, apto a negociar alianças.
No caso do lulo-petismo, porém, esse paulistano prefeito biônico da ditadura,
símbolo da malversação do dinheiro, não é o único parceiro. E é isto que a deputada Erundina devia ler nas milhares de palavras da fotografia que a repugnou. Na foto de grande angular de Lula encontram-se sorridentes símiles de Maluf, Fernando Collor, Jader Barbalho, José Sarney, Renan Calheiros e Severino Cavalcanti..
No grandioso painel que realça colorindo o carisma do pequeno ditador do ABC paulista, vale milhares de palavras para um capítulo da História do Brasil: a justificativa dos mensalões, dossiês, barganhas e pouca vergonha sob o título de pragmatismo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário