sábado, 23 de junho de 2012

Melhor palavra do ano: Realpolitikagem, por Maria Helena RR de Sousa



Ninguém me pediu para escolher a melhor palavra do ano mas isso não me impede de escolher e divulgar minha escolha. E quero ver se alguém tem melhor!
Para os desmemoriados, sugiro que releiam a crônica do Veríssimo, Desencontros, publicada aqui ontem, 21/06.
Pronto? Conferiram? Tem melhor? Não tem!
Palavrinha versátil essa. Serve das malufadas do Lula às pérolas tramadas na Rio+20. E olhem que tem cada uma de embasbacar.
A menos gloriosa é a do BanKiMoon que num dia disse que faltava ambição ao acordo e no outro já dizia acreditar que o documento foi “um grande sucesso para a comunidade internacional”. Por qual realpolitikagem ele passou, não sei, mas calculo.
Hoje é o encerramento da Rio+20. Em boa hora. Já começamos a perder a paciência com as visitas. A finesse começa a rarear. Dona Dilma esqueceu que é, antes de mais nada, a hostess e, zangada com a delegada da Dinamarca que recriminou a versão final do acordo, respondeu na lata: “Melhor isso do que nenhum acordo como em Copenhague!”.
Tome, sua enxerida!
O ex-presidente em exercício, D. Lula, o Carente, planejou um jantar para seus amigos, os delegados africanos. Ninguém contou a ele que aqui no Rio, no Alto da Boa Vista, lugar maravilhoso, há mansões deslumbrantes sendo alugadas como casas de festa, onde ele poderia banquetear seus convidados com a pompa, o luxo e o conforto merecidos.
Ignorando o detalhe, ele os convidou para um jantar no Palácio da Cidade, sede da Prefeitura do Rio. Mas alguma boa alma deve tê-lo alertado: a que título ele receberia ali?
Seria mais ou menos como se o Sarkozy resolvesse, hoje, oferecer um banquete no Hotel de Ville aos embaixadores lotados em Paris, para matar as saudades. A Bastilha não cairia porque já caiu, mas alguma outra coisa certamente, sim. Provavelmente, cabeças.
Solução: o banquete para as delegações africanas foi oficialmente oferecido pelo governador Cabral e pelo prefeito Paes. Mas quem saudou os convidados foi a Presidente da República do Brasil que, não se sabe qual a explicação dada às demais delegações, não as convidou. E que na saudação honrou Lula como “meu líder”!
Pois foi...
A vocês que estarão por aqui na Rio+40, peço que leiam em O Globo de hoje a brilhante entrevista de Yolanda Kakabadse, diretora internacional do WWF, equatoriana de cabelos brancos e sem botox. Uma raridade que pensa. As palavras finais são dela.
Além de lastimar os cerca de U$150 milhões gastos para a preparação da conferência ao longo dos últimos dois anos, numa nada compensadora relação custo-benefício, ela diz do acordo:
“Texto fraco, sem ossos e sem alma”.
Ou seja: Realpolitikagem 1 + Futuro 0

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