quinta-feira, 15 de maio de 2014

Dois e dois são cinco…

by Miranda Sá

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br )

O julgamento da Ação Penal 470 pelo Supremo Tribunal Federal é um marco histórico não somente para a Justiça, mas para a satisfação dos brasileiros que lutam contra a impunidade. Foi batizada como “Mensalão”, termo usado pelo então deputado Roberto Jefferson, quando denunciou a mensalidade paga a deputados para apoiarem o Governo Lula. A designação se popularizou e dicionarizou.
No início, a acusação levou o Presidente, acossado, referir-se ao Mensalão em reunião ministerial no dia 12 de agosto de 2005. Disse que se sentia " traído por práticas inaceitáveis”. E fez autocrítica: “Não tenho nenhuma vergonha de dizer que nós temos de pedir desculpas. O PT tem de pedir desculpas. O governo, onde errou, precisa pedir desculpas". E demitiu da Casa Civil um dos réus, José Dirceu, substituindo-o por Dilma Roussef.
Lula deletou tudo o que falou anteriormente. Recentemente, voltou a falar do Mensalão numa TV portuguesa vomitando insânias contra o julgamento da Ação Penal 470. Disse que a condenação dos ‘companheiros’ foi uma decisão 80% política e 20% jurídica. Felizmente, a Nação conhece o seu cinismo e a total ignorância do Direito Positivo...
Mas a calúnia mobilizou seus seguidores fanáticos, a burocracia partidária e os aparelhados no governo, para recrudescer a campanha contra Barbosa; virulência vista até em notas oficiais do PT, com uma linguagem boçal contra a Justiça.
O alvo é intransferível: Joaquim Barbosa, um juiz íntegro, que estudou, trabalhou, destacou-se no Brasil e no Exterior, e ingressou na Corte Suprema e a preside pelos próprios méritos, obedecendo ao espírito da Lei.
Lula e seus parceiros omitem a participação dos procuradores gerais da República, Antonio Fernando de Souza, que fez a denúncia oficial ao Supremo, e Roberto Gurgel, que apresentou a peça acusatória. Também não manifestam que foi a maioria dos ministros do STF que condenou os mensaleiros.
Persuadidos pelo Chefe, os bonzos da militância para-fascista se soltaram. Dois, até onde eu saiba, ameaçaram de morte Joaquim Barbosa pela Rede Social: Sérvolo de Oliveira, secretário de organização do PT em Natal e membro da comissão de ética; e Antonio Granado, destacado membro do partido em Santa Bárbara do Oeste, São Paulo.
Em conversação pelo Twitter com um jornalista do Rio Grande do Norte, obtive um argumento dele dizendo que “não podemos incriminar todos os petistas porque um supostamente fez merda” (sic).
O tema dos dois militantes petistas que puseram em risco a vida do presidente do Supremo Tribunal Federal e as explicações do conjunto da militância petista me levou a uma canção de Roberto Carlos, apaixonada e subjetivamente filosófica, “Dois e Dois”.
Cantou com elegância de estilo o Rei, e mais tarde tivemos uma virtuosa interpretação de Caetano Veloso: “Tudo vai mal, tudo/ Tudo é igual quando eu canto e sou mudo/ Mas eu não minto, não minto/  Estou longe e perto/ Sinto alegrias, tristezas e brinco.../  Meu amor, tudo em volta está deserto, tudo certo/  Tudo certo como dois e dois são cinco.”
Para o meu correspondente, está tudo certo, não se podem julgar dois por cinco... Conheci alguns petistas; eram militantes idealistas das bases, mas sofreram uma lavagem cerebral e obedecem disciplinada e religiosamente as ordens “de cima”, contribuindo para a marcha totalitária do fascismo vermelho.
Os fanáticos são cegos. Crêem nas promessas dos dirigentes como milagrosas; não estão vacinados como nós contra a demagogia narco-populista. Bom número dos meus conhecidos já saiu do partido; entre eles, um fundador da sigla, que queria uma mudança qualitativa no Brasil, e se desencantou. Disse-me que “o PT exalta o socialismo como sua própria filosofia, mas também o sufoca, o corrompe e o degrada.”
Os (muitos) dissidentes petistas recuperaram a sanidade mental, repudiando os caranguejos da utopia, descerebrados, que andam para traz com a carga tributária mais alta do mundo, promovem a volta da inflação e administram o governo de modo a favorecer a corrupção endêmica e epidêmica.
Para estes que se libertaram da hipnose stalinista, insubordinando-se contra a disciplina desvairada que só favorece a hierarquia do PT, fica válida a realidade lírica de Roberto Carlos: “Tudo certo como dois e dois são cinco”.

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