sábado, 7 de dezembro de 2013

CAMPANHA (1), por Anhangüera


Minha secretária do lar chegou para o trabalho atrasada, bufando de raiva. Ela divide o apartamento com uma senhora, a qual passou mal e precisou ser levada à um posto de saúde. Depois de duas horas esperando atendimento, a fila estava pela metade. Foi então que encostou uma viatura, desceram guardas armados e um preso algemado, que foi IMEDIATAMENTE ATENDIDO. Os policiais o colocaram de novo na viatura para o retorno ao presídio.
E reclama Leia ( o nome dela é Elizeugela, mas ela prefere o nome da paixão do amigo do Skywalker): ”Como é que a gente faz para ter os mesmos privilégios que os presidiários?”.  Foi então que comecei a bater um plá com meus botões… Ninguém fica satisfeito com o que tem, né não? Se esse preso fosse da Papuda, estaria reclamando por não ter as regalias dos quadrilheiros do Mensalão…  E daqui a um ou dois anos (sou um cara otimista!*) aqueles canalhas estarão (estarão?) com inveja da moça que está lá longe, com uma senhora ao lado, esperando o ônibus para levá-la para uma espera de quatro ou cinco horas por um médico, no posto de saúde…
Mas a gente faz o que tem de fazer, e tem o direito de estranhar quando é atropelado por coisas estranhas. Como é que a família de um presidiário pode – sem que ele esteja trabalhando – receber quantias maiores que as de quem trabalha oito horas por dia? Como é que pode a família de um menor infrator tentar justificar um crime que ele tenha cometido com a frase “essa criançada só quer calça de grife”? Como é que pode ir preso um assaltado que se defende de um menor armado e o agride ou mata? Deveria se deixar matar?
Como é que pode um povo sofrido pagar mais de 40% do que recebe em impostos e não se revoltar, quando a Inconfidência Mineira ocorreu porque os impostos tomavam metade disso das pessoas? E ainda reeleger os canalhas (todos, de fhc a lula e agora fará isso de novo com a dilma) que o mantém acorrentados em uma pobreza infinda, oriunda da ignorância causada pela falta uma política de investimentos na Educação?
Como é que pode esse povo ser diariamente esbofeteado, escarrado no rosto pelos políticos que são atendidos em hospitais de primeiríssima linha com despesas pagas por impostos excessivos subtraídos do bolso desse mesmo povo que lhes entrega o poder, eleição após eleição?
Como é que pode o bolso do zé povinho ser sobrecarregado até com o custo do combustível especial dos helicópteros que fazem contrabando de meia tonelada de cocaína ou levam cachorrinho de governador para a praia?
Como é que podemos todos nós ser obrigados a pagar a conta da propaganda eleitoral “gratuita” que não pedimos, que ninguém gosta de ver, e que nos impede de assistir à novela ou o noticiário – e que “talqualmente” a Hora do Brasil – é como o chicote do feitor que de tanto bater nas costas do escravo acaba deixando de ser sentido ou notado?
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Escravo é escravo porque quer, ou porque foi condicionado para ser escravo. Quando não quer, o escravo se liberta. Não fique zangado comigo se a carapuça te servir, ESCRAVO! Lá naquela ilha do Caribe, não se engane não, também não há gente livre. Mas não fique com pena, que a diferença daqui para lá é pequena e está a se tornar cada vez menor. Como naquela história que já publicamos sobre a captura de porcos selvagens, a coisa começa com a distribuição de lavagem* de graça… O nome disso, hoje, politicamente correto, é bolsa-família…
*Na frase, com o significado “comida para porcos”.

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