domingo, 16 de junho de 2013

UM VERDADEIRO AMOR PLATÔNICO


Lívia Dornelles
A gente quando vai recordando, tem muitas histórias para contar não é mesmo? Outro dia, como é de costume, na hora do banho, eu divago meus pensamentos pelos recônditos mais longínquos da minha vida e sempre fico surpresa com o que surge do fundo do baú… Pois me lembrei de um jovem namorado, quase platônico e explico o porquê disto; eu tinha meus quinze anos (e modéstia parte eu era linda!), quando num daqueles saudosos bailes de carnaval, descobri-o no salão, em um canto, observando os carnavalescos. platonico copyBotei os olhos e vibrei! À amiga que me acompanhava eu sussurrei, olha aquele ali e ela voltou seu olhar para onde ele estava e naturalmente, me respondeu: ele é amigo do meu pai, jogam bolão juntos. Aquilo bateu no meu estômago, como a bola de vôlei que eu jogava apaixonadamente na escola. Eu disse a ela, eu quero que me apresente a ele. Porém fui surpreendida com um olhar felino dela, aos gritos entre o retumbar do tambor da bandinha ao fundo; eu não! Tenho vergonha!
O baile terminou e nada feito. Fui para casa frustradíssima e como minha personalidade é firme e forte, botei na cabeça que eu iria conhecê-lo e falar com ele sim!
E na segunda feira na hora do recreio, confessei à minha melhor amiga, o que havia acontecido contando-lhes detalhes pormenorizados dele e o mais importante é que ele vestia no baile uma calça LEE, novidade para a época. Como o Clube era no nosso bairro, todos se conheciam  para dar mais sorte a mim, ela morava bem próximo ao clube, dei então a ela a façanha de descobrir quem era o jovem a quem me sentia fascinada e apaixonada.
Na mesma semana ela me trouxe a ficha completa dele. Era seu vizinho, ele morava num pensionato três casas acima da dela, seu nome, Sidnei e tinha vinte e seis anos. A idade não fazia a mínima diferença… O que eu queria era falar com ele.
E na semana seguinte eu havia sido convidada para um “jantar dançante” e precisava de um par. Seria ele, com certeza!
Rezei para todos os santos, eu estudava em Colégio de freiras… Pois minha amiga Beatriz conseguiu o meu maior sonho naquele momento: dar um bilhetinho que eu lhe escrevi, convidando-o para me acompanhar. Mas na verdade, me acompanhar sem me acompanhar, pois eu iria com o pai de uma amiga e ninguém na minha casa, poderia sonhar que eu teria um par.
Até a hora de o tal jantar eu vivi com o coração querendo saltar pela boca e finalmente o grande momento! Ao chegar ao apartamento eu tremia! E quando a “patronesse” me levou à sala, vejo-o lindo, a me esperar.
Foi uma noite inesquecível, não pelo que já narrei, mas pelo beijo que neguei a ele. E pasme, ele não quis mais falar comigo! Eu o encontrava no ônibus, mas ele fingia não me ver. Sequer me dirigia o olhar… E assim se passaram alguns anos, eu namorei, casei, fui lecionar quando um dia, na escola em que eu era coordenadora, ele aparece para dar uma palestra como membro do Centro de Estudantes bateu olho no olho, ele me cumprimentou e eu o levei até aos alunos e foi só!
Mais anos se passaram a distância tirou-o dos meus pensamentos, até que depois de viúva, fui fazer uma viagem com colegas e durante esta, contamos histórias de amores. Eu contei a minha mal sucedida. Pois na volta, na rodoviária de São Paulo à espera do nosso ônibus, estava ele! Pensei estar vendo fantasmas. Viemos a viagem inteira sem dormir conversando e rindo, das nossas infantilidades na época e de nossas vidas. Ele continuava solteiro.  Ficamos de nos encontrar sem marcar data. E assim mais um tempo se passou , quando novamente, num baile nos reencontramos, sorrimos um para o outro e não dançamos e até hoje, acreditem, podemos nos ver que nos cumprimentamos e só! Este foi meu amor platônico… Acreditem ou não…

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