sábado, 13 de abril de 2013

A balbúrdia dos aeroportos brasileiros



Sandra Starling (O Tempo)
Não sei qual é a melhor maneira de começar este artigo: faço uma pergunta ou coloco, de cara, uma afirmação? Vou pela primeira: será que os milhões de brasileiros e brasileiras que hoje – felizmente – podem usufruir das benesses de andar de avião acreditam que tudo tenha sido sempre essa bagunça toda? Filas intermináveis para os banheiros de senhoras, onde dá de tudo: criancinha de colo, papagaio, avó, mães desesperadas arrastando meninos e meninas pelas mãos, mulheres quase… deixa pra lá. De minha parte, há muito resolvi o problema: ou vou ao banheiro dos portadores de deficiência ou peço ajuda a um sempre gentil cavalheiro por perto e entro mesmo no banheiro dos homens. Porque nem sempre dá pra esperar.
Para não ter saudades do tempo em que se fazia baldeação entre Belo Horizonte e Diamantina, levo pequena matula. Só me assento no corredor para ter como sair sem pisar no vizinho e, com esse macete, ainda estico as pernas um bocadinho, assim meio de lado. Em certa vez, precisei, educadamente, pedir ao passageiro da frente que não reclinasse a poltrona, porque eu não queria ninguém deitado no meu colo.
Por essas e outras, já ando pensando onde ficarei na Copa do Mundo. Com três lares que possuo atualmente – sempre zanzando para estar ora com o marido, ora com dois filhos e três netas, ora voando até Boston para visitar outra filha e dois netos – preciso me arranchar nalgum desses pousos porque nesse grande evento que nos espera, aí, com certeza, o inferno será mesmo em uma das cidades que vão sediar os jogos. Acho que vou mesmo me esconder em Santa Luzia, lá no meio do mato, sozinha…
PACIÊNCIA DE JÓ…
Quanto à afirmativa com a qual poderia abrir meu texto de hoje, haja Jó para ter paciência quando o voo é internacional e por companhia aérea parceira de alguma conterrânea! Aí o bicho pega. Se for, então, usando milhagens, são necessárias, além da ajuda de Jó, umas boas doses daqueles calmantes que te deixam meio zumbi. Dia ainda há de chegar em que vamos poder tomar anestesia geral para aguentar a balbúrdia dos aeroportos brasileiros…
E a falta de educação com que somos tratados, mesmo nós que já ostentamos tudo aquilo cantado e decantado como marcas da “melhor idade”: rugas a perder de vista, cabelo pra lá de prateado, passos não muito firmes mais, mãos algo trêmulas. Não somos poupados: pelo contrário, sobre nós ainda recai aquele sorriso meio zombeteiro de quem desconfia que esquecemos algo ou não escutamos direitinho o que, amavelmente, nos disseram pelo telefone, no qual aguardamos ouvindo Vivaldi e a repetição enfadonha do recado de voz maviosa “um minutinho mais e já iremos atendê-lo, estamos aqui para servi-lo”.
Pois é, amigo leitor, preparei-me para viajar à Europa, presente de aniversário do marido, e cá estou ainda hoje em meio a 500 telefonemas da agente de viagens, esperando em Deus que tudo dê certo e que logo estejamos pousando suavemente na terra dos nossos avozinhos portugueses.
Que Deus nos ajude!

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