quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

POEMA DA NOITE Sol Nenhum - Fernando Py



Não te enganes: a rútila candência 
que os rostos esbraseia não é pura 
vibração de cristal, ou transparência 
sem véu, de aérea e cálida estrutura. 
Nem fúlgidos clarões rompem a escura 
cortina de reflexos, na imanência 
do próprio ser obtuso que perdura 
por detrás da aparente resplendência. 
Dolosa limpidez que se propaga: 
como impedir essa mordente chaga 
de obliterar os corpos um a um? 
Como evitar em meio a tanto logro 
esse falaz luzeiro, teu malogro, 
claridade ilusória, sol nenhum?

Fernando Antônio Py de Mello e Silva, nasceu no Rio de Janeiro no dia 13 de junho de 1935. É poeta e colunista litrerário do Diário de Petrópolis, cidade onde hoje habita. Fernando é membro da Academia Petropolitana de Letras, ocupando a cadeira 14, cujo patrono é Raimundo Corrêa. Seus livros publicados são Aurora de Vidro (1962), A Crise e a Construção (1969), Vozes do Corpo (1981), Chão da Crítica (1984), Sol Nenhum (1998) e Antiuniverso (1994). Py traduziu todo "Em busca do tempo perdido" de Marcel Proust.

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