quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

O Supremo não poderia julgar o mensalão sem a presença de Lula como acusado. Agora não pode investigar e julgar o ex-presidente de maneira alguma.



Helio Fernandes
Em 2005, na Tribuna impressa e massacrada, levantei a questão. Lula tinha que estar sendo julgado junto com os outros 37 acusados. Como o procurador-geral e o relator sabiam que não existiam provas, deixaram o então presidente de fora.
 Na Era do “domínio do fato”…
Nem imaginavam que podiam condenar sem provas, nem no reino do imponderável admitiam condenar sem provas, a Era do “domínio do fato” não existia nem como ficção. Muitos ainda se lembravam do julgamento do ex-presidente Collor, absolvido por FALTA DE PROVAS.
Collor sofreu o primeiro impeachment da História do Brasil, recorreu ao Supremo, ganhou, ficou apenas com os direitos suspensos por oito anos. Se tivessem utilizado contra ele o “domínio do fato” (a condenação sem provas, não esqueçam) quantos anos de cadeia, em regime fechado, teria amargado?
Estava visível, naquela época, que Lula sabia de tudo. Mas não existiam documentos, provas, nada, nada. O próprio Roberto Jefferson, que explodiu tudo, como se fosse um extremista do Oriente Médio, afirmou num discurso extraordinário: “Alertei o presidente Lula do que estava acontecendo, era preciso tomar providências”.
Mas os fatos não podiam ser comprovados, era a palavra de um deputado contra a de um presidente da República. O procurador-geral fez uma acusação implacável contra 37 cidadãos, mas não teve coragem de incluir o presidente Lula. Por quê? Covardia? Irresponsabilidade. Tudo isso e a certeza de que, com Lula no banco dos réus, as coisas não andariam. Mas Lula tinha de estar lá, tão sem provas quanto os outros.
Temos que ressaltar, repetir e exigir: o procurador e o relator ainda não vestiam a toga do heroísmo jurídico, se consideravam juízes que julgavam de acordo com as provas. Agora abre-se um capítulo que tem como protagonista principal um réu condenado a 40 anos de prisão, que
naturalmente tem como objetivo se livrar da pena inteira ou pelo menos uma parte dela.
O que esse réu oferece como negociação? Exatamente a cabeça do ex-presidente, nenhum trunfo maior do que esse. Só que, como digo no título, o ex-presidente Lula deveria ter sido arrolado ANTES e não AGORA ouAMANHÃ.
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PS – Não favoreço ninguém, não sou contra nem a favor. Quando considerei que Lula era RÉU, escrevi isso. Como estão querendo arrolá-lo insensatamente, mostro a indecência que querem praticar.
PS2 – Se denunciarem o ex-presidente, estarei aqui na trincheira para defendê-lo. Em 2005, quando contrariei o então presidente, a indenização da Tribuna da Imprensa estava longe de ser concluída. E escrevendo contra o presidente, só prejudicava o processo. Agora, com a indenização decidida, sigo a linha de toda a minha vida, defendendo alguém que pretendem crucificar.

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