segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Vídeo mostra tumulto antes de professora chamar aluno de 'macaco'



Antropóloga faz gesto obsceno a alunos após agredir segurança no Pará.
Polícia apura o caso; professora se disse arrependida e pediu desculpas.

Do G1 PA, com informações do Fantástico

Imagens exclusivas divulgas neste domingo (23) pelo Fantástico mostram uma confusão na Universidade do Estado do Pará (Uepa) antes de uma professora brigar alunos e chamar um deles de "macaco", após já ter usado o mesmo adjetivo para agredir verbalmente um vigia da instituição.



O caso ocorreu dia 14 de setembro e a professora Daniela Cordovil, que dá aulas de religião africana na Uepa, foi indiciada pela polícia por injúria racial após ter ofendido o segurança da Uepa. A professora se disse arrependida do fato e afirma que reconhece o erro. Ela pediu desculpas aos envolvidos. Ao Fantástico, ela explicou que usou o termo "macaco" no sentido de "macaquice".
As imagens registram um tumulto no corredor quando a professora agride Rubens dos Santos, segurança da universidade há três anos. De acordo com os alunos, ao verem a movimentação, eles foram até a portaria defender o servidor e começaram a gravar a discussão.
As cenas mostram um dos estudantes, Paulo de Paula, chamando a polícia. "Olha só, aqui na frente da Uepa, tem uma mulher chamando o segurança, que é negro, de macaco! Isso é crime e eu gostaria que a policia viesse aqui prender pelo crime de discriminação e racismo!", diz o aluno ao celular.
Sem acreditar na situação, vários alunos interrogam a professora. "A senhora chamou ele de macaco!?", exige uma aluna. "É uma vergonha você ser educadora!", sentencia outro universitário.
Câmera de celular mostra momento em que professora xinga aluno de 'macaco' e faz gesto obsceno. (Foto: Reprodução / TV Liberal)Câmera de celular mostra momento em que
professora xinga aluno de 'macaco' e faz gesto
obsceno. (Foto: Reprodução / TV Liberal)
É nesse momento em que Paulo de Paula mostra a câmera do celular para Daniela Cordovil e a desafia a repetir o xingamento. ''A senhora chamou ele de macaco, foi isso? Fala agora, fala agora que eu tô filmando!".
Daniela Cordovil aparece fazendo um gesto e usando palavras obscenos contra o estudante e depois sentencia. "Palhaço! Tu é um macaco também, tu é um imbecil!", diz. Paulo reforça: "Eu sou um macaco? Imbecil?". E a professora repete uma vez mais. "É um macaco! Vai chamar de crime agora?".
Na mesma noite, o caso foi levado à Central de Flagrantes e um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) foi instaurado. Enquanto na universidade um inquérito administrativo foi aberto para analisar o comportamento da professora.

Entenda o caso
A antropóloga já prestou depoimento à polícia neste sábado (22) e entregou um documento por escrito contando sua versão do caso à Uepa. Segundo o advogado da professora, ela não compareceu pessoalmente à Uepa por medo de represália. 
O vigilante, Rubens dos Santos, diz que o portão do Centro de Ciências Sociais e Educação da Uepa foi fechado no dia 14 de setembro a pedido da direção. Quando alguns alunos tentaram passar, ele os orientou a usar outra entrada. Barrados, os estudantes chamaram a professora Daniela Cordovil que estava dentro do prédio. Ela teria pedido que o portão fosse aberto e perdido o controle após a recusa do funcionário. 
"Ela falou pra mim: 'Você está recebendo ordem da pessoa errada, que aqui na universidade você não recebe ordem'. Aí, depois, ela falou pra mim assim mesmo...Começou a me difamar. Começou a me chamar de burro, guarda vestido de palhaço, macaco, idiota e que eu ia me ferrar", conta o segurança.
Três dias depois, a professora, pediu desculpas ao vigilante durante uma entrevista, disse se arrepender do que aconteceu, mas que não acreditava que merecesse punição. 
Professora compareceu a polícia neste sábado (22), para prestar depoimento (Foto: Reprodução/TV Liberal)Professora compareceu a polícia neste sábado
(22), para prestar depoimento (Foto: Reprodução
/TV Liberal)
"Reconheço que errei com ele. Me excedi. Não poderia ter discutido com ele, como professora e como profissional. Ele não era responsável pela situação", afirma Daniela. Perguntada se ela se arrepende do que disse, ela diz que "Me arrependo e por isso estou aqui pedindo desculpas para ele nesta entrevista", argumenta. 
"Acho que não mereço punição. Estou pedindo desculpas! Acho que quando se discute com alguém, se pede desculpas. A justiça tem de avaliar se é crime de injúria mesmo quando a pessoa volta atrás e pede desculpas", defende. 
Ela nega que o uso da palavra "macaco" tenha qualquer teor racista. "Macaco era justamente de macaquice, de palhaçada, do que estava sendo feito na universidade. Não tem relação com o fato dele ser negro. Estudo há 15 anos a questão racial e não tenho preconceito e nem teria como ter preconceito contra a raça de ninguém", assegura Daniela Cordovil.
 

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