sábado, 1 de setembro de 2012

Torcidas do mal, por Zuenir Ventura



Zuenir Ventura, O Globo
A melhor coisa que aconteceu ultimamente ao futebol brasileiro aconteceu fora de campo. É o cerco que a polícia e a Justiça estão fazendo a esses celerados que sob o disfarce de “torcidas organizadas” agem como gangues, promovendo badernas e cometendo espancamentos, roubos e até crimes de morte. Muito positiva a atitude do vascaíno Sérgio Cabral, classificando-as de “delinquentes” e prometendo ação rigorosa do estado.
É preciso que os torcedores de bem de todos os clubes exijam de seus dirigentes atitudes firmes de condenação desses “bandidos travestidos de torcedores”, nas palavras do presidente do Tribunal de Justiça. Tricolor (como Alice), aplaudi a ação que mandou para Bangu 2 os membros da tal Young Flu, presos em flagrante quando espancavam e assaltavam dois torcedores do Vasco.
Como disse a corajosa mãe de um deles, trata-se de uma “facção criminosa. Eles saem de casa para matar os rivais”. O tenente-coronel João Florentini, comandante do Grupamento Especial de Policiamento em Estádios (Gepe), avisou: “É um recado claro de que estamos fazendo tudo para responsabilizar quem faz o que não deve.”
Quase ao mesmo tempo, as medidas repressivas atingiram a Torcida Jovem do Flamengo, suspensa dos estádios por seis meses por ter causado a morte de um torcedor vascaíno, e a Força Jovem do Vasco, que pelo envolvimento no assassinato de um flamenguista recebeu idêntica pena — na verdade, branda para o que fizeram.
Já os membros da Young Flu, além da prisão, terão que responder na Justiça pelos crimes de lesão corporal, formação de quadrilha e corrupção de menores. Para reforçar essa cruzada pela paz nos estádios, a Polícia Civil criou uma força-tarefa composta de policiais de oito delegacias cuja missão terá como foco o combate aos baderneiros.
É importante, porém, dar continuidade a esse trabalho, para que não se repita o que aconteceu com o Núcleo de Investigação Sobre Torcidas Organizadas, criado em 2005 e que hoje não existe mais.
Igualmente fundamental é que essas ações sejam desenvolvidas de forma exemplar e preventiva. Nesse sentido, talvez seja útil olhar para a experiência de São Paulo, que adotou providências drásticas. Baniu de vez dos estádios os Gaviões da Fiel, a Mancha Alviverde e a Torcida Jovem.
É possível até que nem todos os componentes das torcidas organizadas sejam marginais. Mas, se elas mesmas não expurgam a banda podre, acabam pagando pelo que têm de pior.

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