quinta-feira, 10 de maio de 2012

Cabral tem de ser investigado





Hélio Doyle


Publicado 09/05/2012 21:20
                      
Há muito tempo se sabe das relações especiais entre o governador Sérgio Cabral, do Rio de Janeiro, e o empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta.
            Há muito tempo se sabe que a Delta tem ótimos contratos no Rio, inclusive sem licitação.
            Há muito tempo se sabe que o governador Sérgio Cabral adora viajar para o exterior e que Paris é sua cidade favorita.
Há muito tempo se sabe que Cabral viaja em sigilo e manda divulgar uma agenda oficial mentirosa, para fingir que está no Rio.
Há muito tempo se sabe que o governo do Rio gasta muito dinheiro público com viagens inúteis do governador, do vice e dos secretários ao exterior.
Há muito tempo se sabe que Cabral é um novo-rico deslumbrado e brega.
Mas para que de tudo isso se tirasse uma conclusão política relevante foi preciso que o ex-governador Anthony Garotinho, que não é nenhum santo, divulgasse fotos de Cabral, primeira-dama, secretários, Cavendish e outros empresários em situações absolutamente ridículas e impróprias para uma autoridade pública.
O vice-presidente Michel Temer, que é do PMDB, mesmo partido de Cabral, tem razão ao dizer que as fotos não são motivo para que Cabral seja convocado pela CPI do Cachoeira. Não pelos argumentos jurídicos alegados, mas porque Cabral iria apenas para fazer sua defesa formal, dizer que suas viagens são importantíssimas para o Rio, que não gastou dinheiro público com seus jantares e suas festas em Paris e negar qualquer benefício à Delta e a Cavendish. Os parlamentares não teriam como se contrapor, a não ser nos aspectos éticos e estéticos.
As relações do governador Sérgio Cabral e de seus secretários com a Delta devem ser investigadas, mas pelo Ministério Público e pela Polícia Federal. Talvez apareçam muito mais coisas do que têm aparecido em Goiás.
Pirotecnia desnecessária
Aliás, por falar em Michel Temer, o vice-presidente deveria se impor e acabar com os exageros de sua segurança, pois não precisa disso. Na festa de lançamento do jornal Metro, em Brasília, em um centro de convenções, os convidados eram obrigados a colocar um pin na lapela e tinham de passar por detectores de metal, como se estivessem entrando no Palácio do Planalto. Alguns até acharam que Dilma estaria lá.
Mas era apenas o vice-presidente, que chegou em um comboio espalhafatoso de cinco veículos, enquanto dezenas de agentes com fones nos ouvidos se espalhavam pelo salão.
A segurança presidencial brasileira exagera tanto que cai no ridículo com frequência.    

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