segunda-feira, 30 de abril de 2012

Relatório: o Irã busca tecnologia para censurar a Internet, desconectando-a da rede global.


BLOG DO OSIAS WURMAN
Por: Tal Pavel

O ministro da Informação iraniano diz que intenção não é desconectar-se da World Wide Web, mas para a criação de duas redes separadas, e por isso procuram ajuda externa para a criação de uma Internet mais regulada e restrita. De acordo com relatório publicado no site da Ars Technica, seria um documento em língua persa para grupos e universidades com conhecimento na área de "limpeza ou purificação" da Internet.

No início deste mês o Ministério da Informação do Irã anunciou que a República Islâmica planejava separar-se da rede de Internet global, para criar uma "Internet limpa" no próximo mês de agosto.

"Atualmente a questão da limpeza Internet está sendo feita através da filtragem nos gateways de Internet do nosso país, que já inclusive já tem o seu próprio conjunto de problemas", afirmou o documento; de acordo com Ars Furthermore, a Ars Technica disse que "o documento parece ser o último passo para que os funcionários do governo iraniano já estão chamando de "Internet Halal". O governo ainda não clarificou exatamente o que isso significa, as capacidades técnicas nem quando terá inicio".

Ao mesmo tempo na quinta-feira o ministro da Informação do Irã negou os relatos de que o país estaria procurando se desconectar da World Wide Web em um futuro próximo, acrescentando no entanto que a intenção é a criação de duas redes distintas - uma ligada à rede internacional, e outra web exclusivamente interna ao país.
Falando para o site, o especialista em segurança Collin Anderson, que localizou o documento, disse acreditar que a sua divulgação "demonstra que o governo iraniano não tem a intenção de em breve cortar [todo] acesso à Internet externa", indicando que isto "possa significar que o governo não conseguiu adquirir os serviços de empresas estrangeiras para o planejamento e otimização da infraestrutura para este objetivo".

O Irã como outros regimes totalitários no passado já utilizaram os serviços de empresas estrangeiras para a censura através do bloqueio e a espionagem dos usuários. Já houve uma ação judicial contra a Nokia Siemens, sob a acusação que a tecnologia da empresa vendida para o Irã ajudou na formação de um regime de censura e uma rede de vigilância. Este processo, aberto em 2010, afirma que a tecnologia vendida permitiu o rastreamento do telefone da Isa Saharkhiz, jornalista e dissidente que foi presa pelo regime.

Em 2011 houve relatos de que o Irã adquiriu equipamentos da empresa israelense Allot Comunications que melhorou o desempenho da Internet e também a capacidade de distinguir entre os tipos de tráfego e inclusive podendo limitar certos tipos de tráfego, como o compartilhamento de arquivos ou protocolos de comunicação diferentes. De acordo com uma reportagem da Bloomberg, a empresa israelense transferiu os equipamentos através de uma empresa dinamarquesa chamada Rantek. Os gerentes da empresa negaram as acusações que isto tivesse sido feito conscientemente, mas a Bloomberg afirmou, perguntando a ex-funcionários, que na verdade a gerência tinha pleno conhecimento.


Mídia de Ghetto

Ainda de acordo com o ministro da Informação, a iniciativa teve início no ano novo persa, que começou em 20 de março, através de um processo que será realizado durante várias fases. No início, os sites internacionais serão bloqueados, e na fase final em agosto deste ano todos os prestadores de serviços de Internet locais serão agrupados em único servidor fechado, quando então o Irã estaria planejando desconectar a Internet nacional da Internet internacional e desta forma impedir o acesso aos sites estrangeiros. Relatórios sobre estes planos para limitar a Internet iraniana começaram a aparecer na mídia em maio de 2011.

Segundo o ministro "as várias organizações governamentais já se conectam com a Internet nacional dos seus escritórios, e muitas escolas usam essa rede". Ele acrescentou que a rede iraniana de Internet ainda não foi apresentada a um público mais amplo de usuários de internet no país. Ele estima que dentro de dois a três anos a rede estará consolidada na sua forma final.

Porém o estabelecimento deste tipo de Internet irá impedir a criação, recebimento e transferência de informações de dentro ou de fora do Irã. Da mesma forma irá impedir a comunicação direta entre os usuários da Internet no Irã e o exterior, incluindo Israel.

Esta iniciativa iraniana é um mais um elo na longa cadeia de tentativas do regime para recuperar o controle sobre os meios de comunicação e para subjugar as novas mídias por um regime central, da mesma forma que a mídia "velha" está sendo controlada. Assim, o Irã efetivamente está formando um "gueto da mídia", parecido com o que existia antes do surgimento da Internet.Também terá o propósito de exportar a revolução on-line para outros países ao redor do mundo.

Dr. Tal Pavel tem doutorado sobre o Oriente Médio e é especialista em Internet e a Tecnologia no Oriente Médio e o mundo islâmico. Ele leciona na Escola de Comunicações do Colégio Acadêmico Netanya.

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