domingo, 24 de janeiro de 2016

ONDE ESTÁ A HONESTIDADE? - Carlos Brickmann


Carlos Brickmann
Carlos Brickmann

A Coluna de Carlos Brickmann

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Só política, só bandidagem, só ladroeira. Parece que todas as páginas dos jornais foram destinadas ao noticiário do crime – ora é crime a mão armada, ora é crime por propina dada, ora é crime de verba desviada, ora é crime cometido por amigos do peito, ao lado dele, e ele não sabia de nada. Nada como um assunto mais leve – música, por exemplo. Um bom disco de Noel – ele compôs (em parceria com Francisco Alves), ele mesmo canta (https://youtu.be/5F6gfazcwAc). Noel Rosa, lembremos, era o Chico Buarque da época – uma quase unanimidade.
O samba é um clássico: “Onde está a honestidade?” Que bela letra! “Você tem palacete reluzente/ Tem joias e criados à vontade/ Sem ter nenhuma herança nem parente/ Só anda de automóvel na cidade/ E o povo já pergunta com maldade/ Onde está a honestidade?/ Onde está a honestidade?”
Mais: “O seu dinheiro nasce de repente/ E embora não se saiba se é verdade/ Você acha nas ruas diariamente/ Anéis, dinheiro e até felicidade/ E o povo já pergunta com maldade/ Onde está a honestidade?/ Onde está a honestidade?”
Não, nada que se refira à disputa para ver quem é a viva alma mais honesta do país. É um samba antigo, gravado em 1934. Nada a ver, como se nota (nota? Evitemos o duplo sentido: “como se percebe”, que tal?), com pixulecos, mochilas e malinhas com alta capacidade de carga, até R$ 500 mil cada uma (na época, a moeda nem era o real: era ainda o mil-réis). Tudo bem, sempre alguém vai achar que o velho samba, tão eterno, se refere a fatos atuais.
Até pode parecer, né?

Noel, o poeta de sempre
Noel vale mais lembranças. Veja, de “Fita Amarela”, este verso: “Se existe alma, se há outra encarnação/ eu queria que a mulata sapateasse no meu caixão”. 
Ou este, de “Último Desejo”, que evoca a virtude do silêncio, do calar e não lembrar, em certas situações: “Perto de você me calo, tudo penso e nada falo”.



Lula e o Japonês
No encontro com jornalistas amigos, na quarta, Lula disse que o Governo petista “criou mecanismos para que nada fosse jogado em baixo do tapete”. Esta posição não coincide com a da Polícia Federal. No fim do ano, uma circular na Intranet da Federal informou que não havia verba nem para combustível. Houve cortes de luz, por atraso no pagamento. O repórter Cláudio Tognolli, sempre preciso (https://br.noticias.yahoo.com/blogs/claudio-tognolli/?nf=1), noticia há meses os problemas da PF com o Governo.
Agora a coisa explodiu: na quinta, as quatro maiores associações da PF se reuniram (fato inédito) e decidiram agir. Luís Boudens, presidente eleito da Federação Nacional dos Policiais Federais, informa que “os delegados pensam em entregar seus cargos de confiança”.
Em quem acreditar: no ex-presidente Lula ou nos companheiros do Japonês?



Os pixulecos paulistas
Em São Paulo quem está na ofensiva é a Polícia Civil, com apoio do Ministério Público Estadual: três dos interrogados na Operação Alba Branca, que investiga a compra de alimentos para a merenda, acusaram o presidente da Assembleia, Fernando Capez, PSDB, e um ex-chefe de gabinete da Casa Civil de Alckmin, Luiz Roberto “Moita” dos Santos, de cobrar propinas de 25%.
Ambos rejeitam a acusação. Mas a investigação continua. A propina, segundo os acusadores, era paga em dinheiro, em postos de combustível à beira das estradas.



Chuchus falantes
Por falar em Governo paulista, tucanaram as bombas de gás lacrimogêneo e as balas de borracha. No boletim sobre a manifestação do Movimento Passe Livre, na quinta, a Secretaria de Segurança Pública de Geraldo Alckmin diz: “(…) os manifestantes tentaram mais uma vez furar o bloqueio (…). A PM então dispersou o ato. Foi necessário o uso de munição química e tiros de elastômero”.



Guerrilha urbana…
A propósito, qual o objetivo do Movimento Passe Livre, que se declara favorável à gratuidade do transporte urbano? O MPL, com forte participação do PCB, Partido Comunista Brasileiro, declarou seu objetivo com as sucessivas manifestações em horários de pico no trânsito: “É provocar as estruturas do capitalismo!, diz Vitor dos Santos Quintiliano, um dos porta-vozes do grupo. “A gente parte muito da linha de que uma manifestação que trava a circulação da cidade trava a circulação de mercadoria. A gente provoca justamente as pessoas que se dão bem com nosso sufoco, essa corja de empresários, poucos e muito ricos”.



…e errada
Talvez Quintiliano não saiba, mas mercadoria, numa cidade grande, é transportada fora dos horários de pico de trânsito. Nos horários em que o MPL trava o trânsito, quem fica bloqueado é quem quer voltar para casa depois do trabalho.

Defesa nacional
Na quarta, às 11 da manhã, no comando do 8º Distrito Naval, em São Paulo, tomam posse a Diretoria e o Conselho Fiscal da Associação Brasileira da Indústria de Material de Defesa, Abimde. O novo presidente será Carlos Frederico Queiroz de Aguiar, com o objetivo de fortalecer o relacionamento das indústrias de Defesa com o Governo e buscar a conquista de novos mercados externos.

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