sábado, 29 de março de 2014

A Serguei Iessiênin - Vladimir Maiakovski







Você partiu, 
como se diz, 
para o outro mundo.     
Vácuo ... Você sobe, 
entremeado às estrelas.
Nem álcool, nem dinheiro. 
Sóbrio, vôo sem fundo.
Não Iesiênin, 
não posso fazer troça,
Na boca uma lasca amarga 
- não a mofa.
“É o vinho”, a critica esbraveja, 
“se trocasse a bebida pela classe,
ela lhe daria um norte”.  E a classe, 
por acaso, 
mata a sede com xarope?
Melhor morrer de vodka que de tédio.
Talvez,
se houvesse tinta no Inglaterra
você não cortaria os pulsos.
Os plagiários felizes pedem bis!
Já todo um pelotão em auto-execuçaõ!
Para que aumentar 
o rol dos suicidas?
Antes aumentar a produção de tinta!
Por enquanto há escória de sobra.
O tempo é escasso 
– mãos à obra!
Primeiro é preciso transformar a vida,
para cantá-la em seguida.
Os tempos
estão duros para o artista.
Mas dizei-me, anêmicos e anões,
os grandes, 
  onde, em que ocasiões,
escolheram uma estrada batida ?
Para o júbilo o planeta está imaturo,
é preciso arrancar alegria ao futuro.
Nesta vida, 
morrer não é difícil,
difícil é a vida e seu ofício.

Vladimir Maiakovski (Bagdadi, Rússia, 19 de julho de 1893 - Moscou, 14 de abril de 1930) - Poeta e dramaturgo, considerado um dos mais influentes autores do século XX. Foi um dos fundadores do movimento artístico futurista da Rússia. Ao lado de figuras como Meyerhold, participou da criação de um novo teatro russo influenciado pela arte construtivista. As traduções foram feitas por Carrera Guerra, Boris Schneiderman, Augusto de Campos e Haroldo de Campos

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