domingo, 23 de junho de 2013

Barroso, entre Nero e Joana D´Arc

POVO NAS RUAS


 Na próxima quarta-feira, dia 24, todo o poder da República estará na posse do quarto ministro do Supremo nomeado por Dilma, Luís Roberto Barroso.
Será uma prova de fogo. Do lado de dentro,  cerca de duas mil pessoas, entre Renan Calheiros, Henrique Alves, Eduardo Cunha, Marcos Feliciano, grande parte dos governadores, prefeitos, parlamentares, corpo diplomático, igreja e  empresários.
Nomei-os como quiserem: A República, a elite, o establisment.
Do lado de fora, os manifestantes e, pra usar o termo mais recente, os arruaceiros.
Nem pensem que poderá acontecer.
O Supremo Tribunal Federal, hoje, coincidentemente, tem tomado decisões em sintonia com as ruas. Tanto que, neste momento, seu presidente é o único chefe de poder que poderia entrar e sair de uma passeata, sem ser molestado por ninguém, caso a liturgia do cargo permitisse.
Analistas, observadores, colunistas e repórteres político são unânimes: se o STF frustrar a sociedade no mensalão, o país pega fogo e não escapa ninguém para contar depois ao premier turco.
É a pressão das ruas.
Chegam-me referências das mais auspiciosas sobre o notório saber jurídico e a reputação ilibada do Barroso.  Não me surpreende, até porque, pra ser nomeado ele precisa ter obrigatoriamente esses dois quesitos fundamentais ao exercício do cargo.
Ao avisar que iria nomeá-lo, Dilma ouviu de um assessor:
--- Presidenta, esse aí sonha com o Supremo desde que nasceu!
Dilma, que não costuma dar abrigo às irreverências dos seus, tentou esconder o sorriso.
.Acompanhei as entrevistas do homem cujo destino, como o de Cazuza,  foi traçado ainda na maternidade, .
Não gostei. Aliás, como diz uma amiga portuguesa, "apanhei uma fúria" do novo ministro.
Tudo porque, em determinado momento, ao falar do ,mensalão, sentenciou:
--- Eu não decido sob pressão. Decido de acordo com a minha consciência
As consciências responsáveis de Alckmin, Cabral, Haddad e Paes também não queriam a redução das tarifas de ônibus.
Mas a pressão popular falou mais alto.
No embate Geisel X Ulysses, na ditadura, o general disse certa vez que não decidia sob pressão. Ulysses respondeu: "Claro. Só os estadistas decidem sobre pressão".
Responderam-me, no próprio twitter, que Barroso é juiz, não político.
Mas Barroso está tomando posse hoje na  casa mais política do país.
Quando Barroso responde que não vai votar sob pressão, ele, naturalmente, está dizendo que não vai ficar ao lado do povo nessa.
Aí o meu medo e minha tomada de fúria.
Estou com medo de Barroso ser o Nero da Bíblia e taque fogo no país.
Imploro para que ele seja nossa Joana D`arc: incendeie sua toga e vote sob pressão. Joaquinzão e as ruas saberão livrá-lo do fogo

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