domingo, 24 de fevereiro de 2013

'Época': auditoria da CGU revela fraude de R$ 21 milhões no Into



  • Reportagem publicada neste sábado mostra que esquema lesou outros hospitais federais do Rio

Em dezembro, pacientes enfretavam filas que davam voltas no quarteirão para conseguir uma senha de atendimento no Into Foto: Márcia Foletto / O Globo / Arquivo: 03/12/2012
Em dezembro, pacientes enfretavam filas que davam voltas no quarteirão para conseguir uma senha de atendimento no Into Márcia Foletto / O Globo / Arquivo: 03/12/2012
RIO — Uma auditoria da Controladoria Geral da União (CGU), concluída em novembro do ano passado, revelou que cinco hospitais e órgãos federais ligados à saúde no Rio foram lesados em pelo menos R$ 23,5 milhões entre 2005 e 2012, segundo reportagem da revista “Época” publicada neste sábado. Desse montante, R$ 21,2 milhões teriam sido desviados do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into). De acordo com o texto, um esquema formado por quatro empresas foi o responsável pelas fraudes. Conforme explica a revista, o relatório da CGU relata comp ras superfaturadas, contratações de serviços não realizados e concorrências “de cartas marcadas”, entre outros problemas.
A reportagem mostra ainda que as três empresas suspeitas de participar da fraude no Into foram contratadas na gestão do atual secretário estadual de Saúde, Sergio Côrtes, que dirigiu a unidade hospitalar de 2002 até 2006. Uma dessas empresas teria sido contratada a convite da direção do instituto, sem ter que se submeter a uma licitação. Segundo “Época”, o relatório da CGU denuncia que esta firma, a Padre da Posse Restaurante LTDA, vendeu ao Into água mineral superfaturada, a um preço 219% mais alto que o do mercado. O montante desviado pela Padre da Posse chegaria a R$ 3,8 milhões, afirma a revista.Além do Into, o Hospital Federal de Bonsucesso, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o Hospital Federal dos Servidores do Estado e o Hospital Federal do Andaraí teriam sido lesados pelo esquema.
No entanto, o maior prejuízo nas contas do instituto foi causado, de acordo com o texto, pela Rufolo Empresa de Serviços Técnicos e Construções LTDA. A reportagem mostra que, segundo a CGU, a Rufolo lesou a unidade em R$ 16,9 milhões, por meio da “contratação de serviços sem a necessidade comprovada, serviços contratados sem a comprovação de que tenham sido prestados e preços aprovados de acordo com as propostas encaminhadas pela própria Rufolo, ou por empresas com vínculos familiares e societários com a Rufolo”.
Côrtes: contas aprovadas
Em nota de sua assessoria, Sergio Côrtes informou neste sábado que não comentaria a auditoria da CGU porque não teve acesso ao relatório e que cabe aos atuais gestores dos hospitais citados falar sobre as denúncias. O texto destaca ainda que todas as contas do Into durante sua administração foram aprovadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e que ele foi gestor dos contratos mencionados na reportagem da revista “Época” por apenas um ano.
Conforme a revista, o empresário Adolfo Maia, dono da Padre da Posse, negou ter participado das fraudes. O advogado da Rufolo, Fábio de Carvalho Couto, disse à revista que não há provas materiais para incriminar a empresa.
O Into foi alvo de críticas em dezembro passado, quando mais de mil pessoas se aglomeraram na porta do hospital em busca de atendimento. Os primeiros pacientes chegaram na véspera da distribuição de senhas, muitos usando cadeiras de rodas ou muletas.

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