quinta-feira, 28 de junho de 2012

Pacote do governo incentiva alta de preço e acomodação - por Miriam Leitão


Enviado por Míriam Leitão - 
28.6.2012
 | 
10h45m
NA CBN


 Vou tentar entender as razões do governo, que lançou um pacote de compras públicas, e explicar as consequëncias ruins da decisão de dar preferência a fornecedores brasileiros, mesmo que o preço nacional seja 25% mais caro.
Como o mundo inteiro não está crescendo, sobra produção e todo mundo quer saber onde entregá-la, principalmente a China. E o governo brasileiro decidiu ir às compras. Imagine um chefe de familia que decide comprar antes tudo o que consumiria nos próximos seis meses; o governo antecipou as compras. 
O país interessado em vender coloca, então, seu produto com dumping (com preço artificialmente mais barato) nesse outro que quer comprar. Essa é uma estratégia usada pela China. O importante é que ela venda.
O governo brasileiro está querendo dizer que vai proteger as empresas que pagam impostos e geram empregos no Brasil. Os países, geralmente, usam compras governamentais para induzir o crescimento. As regras internacionais limitam, mas todo país faz isso de certa forma.
Quando estabelece que o preço nacional pode ser até 25% mais caro, quer evitar esse efeito do dumping. Mas o recado que ele dá à empresa que atua aqui é que ela pode ser ineficiente, não precisa buscar produtividade, porque comprará dela mesmo que for mais caro. É um incentivo ao aumento de preço e à acomodação.
O governo tem de estar atento para o efeito colateral da medida feita para evitar um problema, mas que pode criar outro.
Os oito pacotes apresentados pelo governo até agora tëm um problema: não preveem contrapartida, ninguém é obrigado a ser mais eficiente, investir em inovação, ser ambientalmente correto. Ele dá benefícios, mas não exige nada em troca.

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