sábado, 30 de junho de 2012

OBRA-PRIMA DO DIA (GRANDES BIBLIOTECAS) Arquitetura: Biblioteca Strahov (Século XII)


Enviado por Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa 
O convento dos Premonstratenses (ordem religiosa fundada por São Norberto no ano 1120 d.C. em Prémontré, França) do qual faz parte a Biblioteca Strahov, foi criado em Praga, em 1143, pelo Bispo de Olomuc com apoio do arcebispado de Praga e do Príncipe da Bohemia (depois Rei) Vladislav e sua mulher Gertrude. A origem do acervo da biblioteca data da fundação do mosteiro (na foto abaixo, entrada principal).

A história de Strahov e sua Biblioteca é muito longa e rica em episódios e não tenho aqui espaço para tanto. Vamos falar da Biblioteca e de suas duas Salas, a Teológica e a Filosófica. São obras-primas do barroco e seu acervo é invejável sob todos os aspectos.
Infelizmente, hoje em dia não se pode entrar e admirar essas magníficas salas: o visitante fica atrás de uma corda vermelha, o que, dizem, não impede que veja os belíssimos tetos, as estantes recheadas de livros e os demais objetos que adornam o ambiente. Nada mais justo depois de uma reforma que custou muito tempo e dinheiro do Estado.


A Sala Teológica, de meados do século XVI, recebeu as raridades que os monges abrigavam há mais de 4 séculos. Seu teto é coberto por afrescos que descrevem passagens da Bíblia, sobretudo o Livro dos Provérbios. Reparem no trabalho em estuque que emoldura os afrescos, é famoso por sua beleza.

Também na Sala Teológica a “roda da compilação” (foto à esquerda), encomendada pela biblioteca em 1678 e usada para compilar textos: o escriba distribuía os textos dos vários livros, manuscritos ou códices que lia ou copiava nas prateleiras que giravam conforme sua necessidade: eram feitas de tal modo que os papéis não escorregavam e com certeza poupavam muito trabalho. 
No lado esquerdo da sala está a imagem em madeira de São João Evangelista, exemplo do gótico tardio. São notáveis também os globos terrestres.
No final do século XVIII, foi decido que a biblioteca necessitava de mais espaço e ergueram a Sala Filosófica (foto abaixo). O espantoso tamanho da sala (comprimento 32m, largura 22m e altura 14 m) é perfeito para o imenso afresco em seu teto, feito pelo pintor vienense Anton Maulbertsch que em 1794 levou seis meses para pintá-lo, com o auxílio de um único assistente.


O tema é “O Progresso Intelectual da Humanidade”: de um lado figuras como Moisés, a Arca da Aliança, Adão, Eva, Caim e Abel, Noé, Salomão e David. De outro, o desenvolvimento da civilização grega até Alexandre, O Grande, pintado ao lado de seu mestre Aristóteles.


Também se vê cenas do Novo Testamento, como São Paulo pregando diante do monumento a um deus desconhecido no Areópago de Atenas. A ciência é retratada nas figuras de Esculápio, Pitágoras e Sócrates.
Sobre os portões em ferro forjado que levam ao espaço que une as duas salas está escrito: Initium Sapientiae Timor Domini (O começo da sabedoria é o temor a Deus).
As estantes em nogueira abrigam um acervo de mais de 200.000 volumes, a maioria impressa entre 1501 e 1800; além de livros de e sobre filosofia, tratados de astronomia, matemática, história, filologia, etc.
A Biblioteca Strahov guarda também a primeira edição da Encyclopédie coordenada por Diderot e d’ Alembert, o que prova a mentalidade evoluida desses monges.
A coleção de manuscritos, mais de 1500, por seu imenso valor, é guardada numa sala especial.

Praga, República Checa

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