segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Tarifas em queda, olho vivo no extrato


Muitas vezes serviço é debitado sem ser notado. Pesquisa do Idec mostra que bancos têm novas cobranças


SÃO PAULO — Depois da redução das taxas de juros dos empréstimos, cheque especial e do cartão de crédito, a pressão do governo agora se volta para as tarifas. O Itaú Unibanco, maior banco privado do país, foi o primeiro a anunciar a queda de preços de 15 serviços considerados prioritários, seguindo o movimento de Caixa Econômica Federal (CEF) e Banco do Brasil, ambas instituições públicas. Mas quem quiser economizar não deve deixar de controlar cada movimentação de sua conta corrente, recomendam especialistas.

A economista Ione Amorim, responsável por uma pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), lembra que as despesas que os bancos debitam muitas vezes passam sem serem notadas pelo cliente, já que valores são pequenos. Mas, se forem somados no fim do mês ou do ano, o consumidor vai perceber que esses serviços levam uma fatia considerável. Por exemplo, um cliente que não tem um pacote de serviços e faz pelos menos cinco transferências eletrônicas via DOC, por mês, no Itaú Unibanco gasta R$ 66,5. Ao fim de um ano, a despesa será de R$ 798. Quem faz dez saques avulsos (sem ter pacote de serviços) por mês na CEF gasta R$ 126 num ano.
— O valor das tarifas de serviços no Brasil ainda é alto. A redução anunciada é bem-vinda para o cliente, mas ainda é muito tímida e ninguém deve descuidar do seu extrato — avalia Ione.
— O movimento de redução do valor das tarifas é positivo porque resulta em economia ao cliente e certamente deverá se ampliar para outros bancos. Mas, para ter alguma economia no bolso as pessoas precisam acompanhar seus extratos, saber quanto pagam pelas tarifas e optar pelos melhores pacotes oferecidos — concorda William Eid Júnior, coordenador do Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getulio Vargas (FGV) em São Paulo.
Ganho com tarifas sobe 46%
Por outro lado, os bancos estão cobrando por serviços que antes não cobravam, segundo a pesquisa do Idec. Por exemplo, o envio de um SMS com informação da conta do cliente no Banco do Brasil agora custa R$ 0,12; no Bradesco R$ 0,18 e no Santander R$ 0,20. O HSBC, um banco global com filiais espalhadas pelo mundo, cobra R$ 11 do cliente que fizer um saque na rede Plus internacional. Um extrato consolidado na internet passou a custar R$ 3,70 no Itaú. Portanto, diz a economista do Idec, é bom começar a prestar atenção nestas pequenas novas despesas. E recusar a inclusão de novos “serviços especiais” nos pacotes já adquiridos.
— Os bancos compensam eventuais perdas de receitas cobrando novas tarifas. Outra forma de compensar é ganhando novos clientes — diz Luís Miguel Santacreu, analista de bancos da consultoria Austin Rating.
A pesquisa do Idec confirma essa tese. Entre junho de 2011 e junho deste ano, os bancos ganharam 15 milhões de novo clientes. E o ganho com tarifas subiu de R$ 8 bilhões para R$ 11 bilhões no período, um crescimento de 46%. Na prática, segundo o Idec, os bancos reajustaram o valor de várias tarifas antes de anunciar a redução de outras. Segundo a pesquisa do Idec, o custo médio, por ano, com tarifas bancárias subiu de R$ 52,43 para R$ 69,86.
Procurados pelo GLOBO, o Santander informou que não reajustou tarifas no período mencionado pelo Idec. O Bradesco disse que ajustou suas cestas de serviços pela inclusão de novos serviços ao cliente, além de atualizar os custos operacionais envolvidos. O Itaú Unibanco informou que não poderia falar porque está em período de divulgação de balanços. O HSBC informou que as tarifas podem variar de acordo com o cliente.
Cuidado ao escolher pacote
As reduções de preços de tarifas anunciadas até agora aconteceram em serviços considerados prioritários, como saques em terminais eletrônicos, fornecimento de extrato, transferências via DOC ou TED (veja quadro acima). O valor é cobrado sempre que o cliente excede o número de transações gratuitas que os bancos são obrigados a oferecer ou quando o uso ultrapassa o previsto nos pacotes de serviços escolhidos (e pagos) pelos clientes.
Há alguns cuidados básicos que o cliente pode tomar para reduzir um pouco o gasto com tarifas, diz a economista do Idec. Os bancos são obrigados pelo Banco Central a fornecer gratuitamente aos clientes dez folhas de cheque, quatro saques em autoatendimento, dois extratos por mês no autoatendimento e duas transferências entre contas do mesmo banco, além de um cartão de débito. Quem não precisa mais do que isso para movimentar sua conta, diz a economista do Idec, não deve ficar vinculado a um pacote de serviços. Certamente estará pagando por operações que não utiliza, diz ela. Além disso, houve reajustes nos pacotes de serviços ultimamente. O pacote Maxi Conta, o mais econômico do Itaú, custava R$ 9,90 em abril deste ano. Agora, custa R$ 14,10.
— Os bancos oferecem aos clientes os pacotes mais caros. Muita gente paga pelo que não usa — diz Ione
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