GERAL
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Daí esse patético desfile de candidatos no horário eleitoral, com poucos segundos para se apresentar ao eleitor, tentando arrancar do nada uma justificativa para querer entrar, ou continuar, na política. É fácil fazer pouco de candidatos folclóricos que buscam desesperadamente se destacar dos outros com um apelido ou um slogan pitorescos (lembro de um gordinho que só ficava sorrindo para a câmera enquanto aparecia na tela sua razão para estar ali: “Bom filho”) ou, sem nenhum jeito para aquilo, explorando a notoriedade alcançada em outra atividade, como o futebol.
Mas não se queixe. O que você está vendo é a democracia no seu estágio primitivo, ainda na forma gasosa que precede a criação. E os folclóricos podem surpreender. O Tiririca eu não sei, mas o Romário se revelou um bom e ativo congressista.
Numa eleição passada, numa cidade do interior, um candidato fez campanha com uma única frase. Era um fotógrafo que ganhara uma boa reputação na cidade retratando a sociedade local — reuniões de família, formaturas, debutantes, etc — e decidira ser vereador. Seu slogan era “Tô focado”. A frase aparecia em cartazes e banners do candidato e ele a repetia em comícios — “Tô focado! Tô focado!” — querendo dizer que estava concentrado nos problemas da cidade, que enquadraria, na câmara de vereadores, como enquadrava seus retratos na câmera fotográfica.
Gastou todo o seu dinheiro na campanha, mas perdeu a eleição. E o pior é que depois não faltaram pichadores que percorreram a cidade fazendo pequenas alterações na frase “Tô focado”, entre o “fo” e o “do”, impiedosamente.
Apesar dos desgostos e do ridículo não existe outra maneira de a democracia começar a não ser nesse nível, com o risco de elegermos palhaços e apenas bons filhos. Sempre há a esperança que, no cargo, eles se mostrem bem focados.
![](http://oglobo.globo.com/blogs/arquivos_upload/2012/08/129_2557-alt-Verissimo%20-%20ilustra%C3%A7%C3%A3o.jpg)
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