"A soberania e o respeito de Portugal impõem que neste lugar se erga um Forte, e isso é obra e serviço dos homens de El-Rei nosso senhor e, como tal, por mais duro, por mais difícil e por mais trabalhoso que isso dê, (...) é serviço de Portugal. E tem que se cumprir."
E assim foi feito: na margem direita do rio Guaporé (hoje Guajará-Mirim), fronteira com a Bolívia, em plena floresta amazônica, ergueram o Real Forte Príncipe da Beira, um feito que não poderia ter sido desmerecido com o abandono...
![](http://oglobo.globo.com/blogs/arquivos_upload/2012/08/129_1846-alt-beira%20gde.jpg)
Após a assinatura do Tratado de Madri (1750), Portugal preocupou-se em assegurar a posse do território que lhe cabia segundo o Tratado de Tordesilhas e dessa forma garantir a fronteira do Brasil. Houve tratados posteriores e algumas reformas da linha demarcada em Tordesilhas, mas o Príncipe da Beira colaborou pela manutenção de nosso território.
Em sua pedra fundamental está gravado: “Sendo José I, Rei Fidelíssimo de Portugal e do Brasil, Luiz Albuquerque de Mello Pereira e Cáceres, por escolha da Majestade Real, Governador e Capitão-General desta vastíssima Província do Mato Grosso, planejou para ser construída a sólida fundação desta Fortaleza sob o Augustissimo nome do Príncipe da Beira com o consentimento daquele Rei Fidelíssimo e colocou a primeira pedra no dia 20 do mês de junho do ano de Cristo de 1776”.
No século XIX foi usado como presídio político. Abandonado à época da Proclamação da República, já em ruínas foi visitado pelo marechal Rondon que, muito surpreso com obra tão surpreendente naquele local, mandou que limpassem a mata que o sufocava e se empenhou para que dele cuidassem. Desde 1930, é novamente guarnecido pelo Exército Brasileiro.
![](http://oglobo.globo.com/blogs/arquivos_upload/2012/08/129_2254-alt-beira2.jpg)
Em 1950, tombado pelo IPHAN após quase 200 anos de abandono, foi iniciado um amplo programa de restauração. As pesquisas arqueológicas mostram grande quantidade de artefatos de funções militares e elementos da vida cotidiana na fortaleza, peças cujas informações serão fundamentais nas etapas subseqüentes de revitalização e transformação do forte em museu. Sua plena restauração foi iniciada em 2009.
![](http://oglobo.globo.com/blogs/arquivos_upload/2012/08/129_1847-alt-beira%20menor.jpg)
É quase inacreditável a existência desse gigantesco forte no local onde está. Em nossos dias seria muito trabalhosa a sua construção. Imaginemos então o que deve ter sido no século XVIII. Tirando o barro com que se podia fazer os tijolos, e a água em abundância, tudo o mais foi levado para lá debaixo dos maiores sacrifícios e esforços.
Aos portugueses devemos a criação do Forte. Ao nosso marechal Rondon devemos o fato do governo federal, no século passado, voltar seus olhos para essa relíquia. E ao Exército Brasileiro o cuidado com que cuida do que é nosso.
Mas nada como a associação de imagens e palavras para que nós tenhamos pelo menos uma ideia do que é o Forte que, espero, ainda será uma das maiores atrações turísticas de nossa Amazonia. Assistam:
Município de Costa Marques, Rondônia.
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