26 de abril de 2012 | 16h20
Sílvio Guedes Crespo
Depois do forte crescimento da chamada “nova classe média” no Brasil, agora é a vez de os estratos A e B chamarem atenção de empresas nacionais e estrangeiras, segundo uma reportagem doFinancial Times.
A classe C, definida nesse contexto como as famílias com renda mensal entre R$ 1,734 e R$ 7.475, cresceu 60% entre 2003 e 2010 e deve aumentar mais 12% até 2014, segundo o economista Marcelo Neri, da Fundação Getúlio Bargas.
“Mas mais impressionante será o crescimento das classes A e B”, diz o FT. O perfil das pessoas desse grupo, no qual a renda familiar é maior que R$ 7.475, é mais parecido com o que os países ricos chamam de classe média e alta, observa o jornal.
No Brasil, o número de pessoas na camada A/B deve chegar a 29 milhões em 2013, o dobro do que havia em 2002, segundo Neri. A expectativa é de que esse estrato cresça mais rapidamente nos próximos anos, relata o jornal.
BMW, Mercedes, Volkswagen e outros fabricantes de veículos são exemplos de empresas que tentam ganhar mercado nesse segmento, ao lançar modelos de ponta no País.
Mas outros itens também buscam esse nicho. O presidente da Chivas Brothers, que produz o uísque Chivas, disse ao FT que o Brasil está entre os três países que mais oferecem possibilidade de crescimento para a marca (os outros dois não são citados).
O gráfico abaixo, com o título “Brasil: uma sociedade em mutação”, foi publicado no site do FT. As colunas da esquerda mostram como as classes média e alta aumentaram nos últimos anos. No lado direito, a queda da desigualdade medida pelo índice de Gini.
“Diferentemente da China e da Índia, a história de crescimento do Brasi ltem mais a ver com a redistribuição de renda do que com rápida expansão econômica”, opina o diário.
‘Tsunami político’
As mudanças no plano econômico estão provocando alterações na política, segundo um analista do Eurasia Group, maior empresa do mundo de análise de risco político.
“Há um tsunami político vindo para o Brasil”, disse Chris Garman, diretor da companhia. Ele se refere ao advento de um eleitorado mais exigente, que cobra eficiência do governo. Segundo o analista, isso ajuda a explicar por que a presidente demitiu sete ministros após denúncias de corrupção.
“O crescimento do grupo de pessoas mais bem educadas e com mais poder econômico está mudando o tecido político e social brasileiro”, afirma o FT, com base na avaliação de especialistas.
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